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A Ford é a ponta do iceberg
Do Diário do Grande ABC
04/03/2019 | 12:29
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Três fatos chamam atenção. Anúncio da Ford de fechamento da planta de São Bernardo; estudo da GM para encerrar operações no Brasil; o cálculo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de que a participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto) do País atingiu o menor nível em 18 anos: 17,4% em 2005 contra 11,3% em 2018. Em comum, a crise do setor industrial. No caso da automotiva, há especificidades, como queda no mercado, aplicativos e nova forma de uso de veículos, concorrência internacional, elevados investimentos necessários e guerra fiscal. Entretanto, o que está mais de fundo é a desindustrialização pela qual passa o País decorrente da financeirização, etapa da hegemonia das finanças. 

Em trabalho que publiquei no Observatório da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), em parceria com Ricardo Kawai, medimos receitas, lucros e margens de lucro anuais dos setores no Brasil, entre 2000 e 2017, com dados de empresas de capital aberto. Embora 22 instituições financeiras tenham apresentado receita menor que a das 107 indústrias pesquisadas, aquelas, após 2006, tiveram lucro líquido, ano após ano, bem superior ao das indústrias. Em 2015, margem de lucro anual das instituições financeiras (76,9%) foi 37 vezes maior que a das indústrias (2,1%). Em outro, com Gisele Yamauchi, mostramos que, entre 2012 e 2016, a Selic foi bem superior à margem de lucro média das indústrias do Grande ABC: em 2012, 8,6% contra 1,9%; 2013, 8,1% contra 2,3%; 2014, 10,8% contra 3%; 2015, 13,2% contra -4,6%; 2016, 14% contra -0,4%.

A desindustrialização também se revelou em terceira pesquisa, desta vez com Sandra Gonsales: no período entre 2015 e 2017, a indústria foi o setor que apresentou o maior número de falências no Grande ABC: 57 decretadas na indústria, contra 28 no comércio e 26 nos serviços. Indústria ainda tem papel central no desenvolvimento, como mostram programas Indústria 4.0 (Alemanha) e Manufatura Avançada (Estados Unidos), que objetivam revitalizar a indústria e trazer de volta empregos perdidos para outros países, especialmente os asiáticos. Para mitigar hegemonia das finanças e desindustrialização, proponho a obrigatoriedade de que instituições financeiras participem de projetos estratégicos como indústria 4.0 e apoio à inovação; fortalecimento do BNDES; criação de taxas sobre operações financeiras para ajudar na política industrial, entre outras. Defesa da manutenção da produção industrial – como é o caso da preservação das operações da Ford e da GM no Grande ABC – e o combate à financeirização descontrolada devem fazer parte do rol de bandeiras mobilizadoras da sociedade brasileira e das regiões industrializadas, como é o caso do Grande ABC.

Jefferson José da Conceição é coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS.

Palavra do leitor

Juiz nota 10 

 Parabenizo o juiz Marcelo Franzin Paulo, da 2ª Vara da Fazenda Pública, por determinar a suspensão do pagamento do salário da vereadora Elian Santana, de Santo André, afastada por envolvimento em venda de aposentadorias em esquema que fraudava o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). E mais: mandou que o Legislativo devolva os valores já pagos a ela (Política, dia 26). É de autoridades como esse juiz que o Brasil precisa. E não de juizinho que virou ministro e diz uma coisa e faz outra. Absurdo. Como pode parlamentar agir criminosamente como essa senhora e ainda continuar a receber salário? Santo André tem 21 vereadores – o que já é demais – e pagava para 22? Que País é este? Senhor juiz, por favor, também acabe com a mamata de outro vereador da cidade, o que fez campanha explorando imagem de bonzinho e protetor dos animais, aparece quando lhe convém e esses dias ‘trabalhou’ 45 minutos e recebeu R$ 30 mil.

Sílvio Carlos Monvert

 Rio Grande da Serra

Privatização 

 Assino embaixo a missiva publicada nesta democrática coluna Palavra do Leitor da lavra do conceituado Dr. Nevino (Cidade da Criança, dia 27), cidadão crítico e atuante, sempre atento contra projetos que tenham no seu bojo o descuido de gestores públicos com locais que devem ser preservados pela municipalidade – e não são a contento. E, agora, para entornar o caldo de vez, propõem a privatização da Cidade da Criança. A última vez em que estive naquele aprazível local foi em 2011, quando foi inaugurado o agora desativado Museu da Televisão. Lembro, na minha distante adolescência, da exibição da mais longa telenovela brasileira, Redenção (1966-1968), quando ia com amigos do então Ginásio Estadual de Vila Assunção, atual Celso Gama, flanar no local onde estavam os cenários das gravações externas da inesquecível telenovela. Após o término das gravações, em 1968, foi inaugurada a Cidade da Criança. Se essa onda de privataria, digo, privatização continuar, só falta o alcaide são-bernardense privatizar o tombado Cemitério-Museu de Vila Euclides. Valha-nos, Ademir Medici. Dr. Nevino, a fedentina na fazendinha continua? 

João Paulo de Oliveira

Diadema

Perdoem-me! 

 Mais uma trapalhada envolvendo o governo do presidente Jair Bolsonaro. Ricardo Velez Rodriguez, ministro da Educação dele, deu ordens para que professores, funcionários públicos das escolas e estudantes, em filas, cantassem o Hino Nacional e lessem texto que tinha incluso lema da campanha de Bolsonaro. Além disso, o ato deveria ser filmado e exibido publicamente, sem que pais ou responsáveis autorizassem (Setecidades, dia 27). Qualquer tapado sabe que isso é ilegal! Se fizessem isso com meu filho, expondo-o, iria até as últimas consequências contra esses inconsequentes. O ministro trapalhão percebeu a besteira que havia feito e voltou atrás! Essa tem sido a tônica deste governo, completamente perdido, com infinidade de desmandos, denúncias de corrupção, escândalos na família e em componentes da equipe de gestão. É pouco tempo dele à frente da Nação, mas tempo suficiente para perceber que erramos ao colocá-lo lá. Como eleitor dele, peço desculpas à população brasileira. Bolsonaro, pegue seu chapéu e peça para sair de posto que jamais deveria ter tomado posse. Admito que errei. Admita também e vá embora. Fora!

Juvenal Avelino Suzélido

 Jundiaí (SP)

Falar é fácil

 Sérgio Moro, ministro da Justiça, disse no início da semana que indicou à Polícia Federal ‘não proteger ninguém’ em investigação sobre ‘laranjas’ envolvidos com Bolsonaro e sua família. Olha que sensacional! Ministro tem de ser assim, pulso firme no combate à corrupção. Determinado. Parabéns. Com ironia. Ministro, aja! Por favor!

Thômas Fernandes

 Ribeirão Pires

No breu 

 Estamos com grande problema na iluminação das ruas Ida Leone Cleto e José Aníbal Coleone, no Jardim Orlandina, em São Bernardo. Já liguei diversas vezes reclamando, mas sem sucesso. A Enel diz que o problema é com a Prefeitura. O Paço, que está com péssimo atendimento, diz que a Enel precisa enviar transformador e que o prazo é de – acreditem! – sete dias. A rua que moro, Ida Leone Cleto, não possui casas de um dos lados, o que já deixa a via deserta e superperigosa. Já tivemos diversos casos de assalto, entre outras tentativas, pois é rota de escolas, adolescentes passam muito cedo ou muito tarde. Imaginem nesses dias que estamos sem iluminação nenhuma! Que vergonha está nossa cidade! Não temos como esperar por mais sete dias por serviço que já deveria ter sido resolvido com, no máximo, 48 horas, o que já é muito para local tão perigoso! A Prefeitura parece desconhecer a existência dos moradores. A cidade está completamente abandonada.

Marcia Regina Brunner

São Bernardo

Insegurança

 Lamentável o que acontece em Santo André! Há poucas viaturas e homens e muitos problemas com furtos. Neste Diário há reportagem sobre redução dos índices de criminalidade (Setecidades, dia 26). Discordo, pois ocorreram vários furtos de veículos, inclusive tive o meu levado na Rua da Fonte, no Jardim Bela Vista. Todos nos sentimos impotentes junto às nossas famílias. Fazemos nossa parte, inclusive boletins de ocorrências. Mas o que nosso prefeito, junto ao governo João Doria, pois ele é nosso representante, faz? Nossas famílias estão com medo. Os vereadores não se mobilizam. Necessitamos urgentemente de posição das autoridades e sem desculpas e discursos que não agregam em nada.

Reginaldo Amaral dos Santos

 Santo André




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