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Frente de trabalho vira briga política em Mauá
Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
27/04/2005 | 12:44
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A frente de trabalho em Mauá virou disputa política. Oposição e situação se acusam mutuamente de usar o programa para contratar cabos eleitorais. A polêmica surge por conta da publicação de edital onde a Prefeitura convoca moradores da cidade para disputar 600 vagas. As inscrições começam no dia 30. Os escolhidos terão direito a um salário-mínimo, além de outros benefícios como auxílio transporte, vale refeição e convênio médico. O contrato é de um ano, renovável por mais 12 meses. São vagas para área de limpeza de ruas, bueiros e prédios, jardinagem, além de serviços administrativos.

Como a última inscrição aconteceu em fevereiro do ano passado, o líder do PT na Câmara, vereador José Rogério Moreira Santana, diz ter ficado surpreso com a publicação do novo edital. “Junto com o anúncio das inscrições têm acontecido algumas demissões. Tudo leva crer que é uma substituição velada”, afirma o parlamentar que defende a prorrogação do contrato.

O petista diz que até junho do ano passado a administração do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT) tinha contratado 414 das 600 vagas. “Isso significa que o contrato dos já selecionados poderia ser renovado por mais uma ano”, diz Santana.

O presidente da Comissão de Justiça e Redação da Câmara, vereador Manoel Lopes (PFL), um dos líderes do prefeito interino, Diniz Lopes (PL), contra-ataca e alega que o PT sempre usou a frente de trabalho para fazer política. “A administração passada contratava cabos eleitorais. Sempre questionei isso. Para se ter uma idéia, tinha gente que ficava quatro, cinco, seis anos na frente de trabalho”.

O secretário de Governo da cidade, Antonio Carlos de Lima, também acusa a gestão passada, do ex-prefeito Oswaldo Dias (PT), de ter usado politicamente a frente de trabalho. “Os contratados estavam a serviço deles (petistas), enquanto que a gestão atual quer acabar com isso e nomear quem realmente precisa de trabalho. Estamos pensando no melhor para o povo de Mauá”, diz.

Na rua – Uma dos pessoas demitidas recentemente da frente de trabalho é Marta Soares, 33 anos, moradora do bairro Itapark. Ela trabalhava há nove meses no programa. “Não justificaram a minha demissão. Acho que é perseguição política porque sou petista e todo dia saio do trabalho e vou militar no comitê do PT”. Marta reclama que terá dificuldades de criar os quatro filhos. “Sou sozinha para manter a casa”.

Marta trabalhava no agendamento de consultas na Secretaria de Saúde. “Entrei na frente de trabalho pela minha capacidade”, afirma. Diante deste caso, o vereador Rogério, do PT, fez requerimento de informações ao Executivo. “Trata-se de uma liderança comunitária. A administração está demitindo quem tem inserção política na cidade”.

Quilométrica – No ano passado, a disputa por um emprego na frente de trabalho de Mauá ganhou as manchetes dos jornais. Fila quilométrica formou-se na retirada das fichas de inscrição. Foram mais de 19,5 mil pessoas. Havia 32,5 candidatos por vaga. Até universitários disputaram os cargos. A concorrência foi semelhante a um vestibular do curso de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), que em 2004 teve 35,4 candidatos por vaga.

Nova inscrição – Para evitar o aglomerado e as longas filas, a Prefeitura resolveu descentralizar os postos de distribuição das fichas de inscrição. Foram definidos pelos bairros cinco locais diferentes para retirada e entrega dos documentos (Veja quadro nesta página).

A administração municipal justifica a medida como forma de facilitar a vida dos desempregados que não têm dinheiro para pagar passagem de ônibus e se deslocar ao centro da cidade.

A nova seleção dos candidatos será feita de acordo com critérios socioeconômicos e não será levada em conta a ordem de chegada ou de entrega das fichas. Para poder participar da seleção os candidatos devem comprovar residência em Mauá há mais de três anos e ter no mínimo 18 anos. A carga horária de trabalho é de 40 horas semanais, sendo 35 horas para o desenvolvimento de atividades operacionais ou administrativas e cinco horas para capacitação e qualificação profissional.



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