Lopes foi citado pelo ladrao de cargas Gilmar Siqueira Leite como um dos policiais suspeitos de participar do narcotráfico. Segundo o delegado titular da Dise, Miguel Voigt Júnior, o investigador matou-se com um tiro no peito por considerar injusta a acusaçao. Peritos do Instituto de Criminalística (IC) de Sao Paulo realizaram a necrópsia e o exame residuográfico no corpo do investigador para esclarecer se Lopes cometeu mesmo suicídio.
"Ele (Lopes) foi condenado à morte sem julgamento", disparou o delegado seccional da Polícia Civil em Campinas, Josué Ferreira Ribeiro. Para o policial, a CPI está cometendo abuso de poder. "Temos uma constituiçao que está acima de qualquer poder e de qualquer pessoa", afirmou. "A CPI tem um compromisso e deveria levar isso a sério", completou.
Ribeiro disse que nao é contra as investigaçoes, mas discorda dos métodos adotados. "Nao precisava chegar à morte do investigador".
Segundo ele, Lopes "era um dos melhores policiais da corporaçao" e nao merecia ter seu nome sob suspeita. "Os métodos usados pela CPI desobedecem todos os procedimentos penais", afirmou.
"Nosso policial (Lopes) está morto e Willian Sozza saiu da CPI andando", disse o delegado da Dise, Miguel Voigt Júnior, referindo-se ao empresário foragido, que é apontado como líder do crime organizado na regiao. "Nao estamos dizendo que ninguém da polícia tem relaçao com o narcotráfico, mas queremos uma apuraçao correta", afirmou.
"A maneira como a CPI conduz os interrogatórios parece um tribunal de exceçao", disse o delegado do 10 distrito policial, Hamilton Caviolla. "Os depoimentos sao conduzidos de forma totalmente arbitrária e sem direito a defesa", completou o delegado do 4 distrito policial, Messias Pimentel de Camargo Júnior. "A CPI cometeu os mesmos exageros da Inquisiçao", afirmou o delegado do 8 distrito policial, Talmir Russo Boavista.
Para os policiais que acompanharam o sepultamento, Siqueira Leite estaria se aproveitando da CPI para vingar-se. Lopes foi o responsável, há cinco anos, pela prisao do ladrao de cargas, que foi condenado e estava cumprindo pena no presídio de Piracicaba. "Todos que participaram da prisao do Gilmar agora estao sendo acusados por ele", observa o chefe dos investigadores do 6 distrito policial, Roberto Campolina.
"Para a CPI, Gilmar é o juiz e os policiais sao os ladroes", afirmou o filho do policial morto, Luiz Lopes. A família do investigador nao tem dúvidas de que ele se matou por nao suportar a humilhaçao. "Ele estava muito deprimido", disse sua mulher, Angela Lopes. Ela confirmou ter ligado para o delegado da Dise na manha de segunda-feira, alertando sobre o estado psicológico do marido. Pouco depois, segundo a polícia, ele se matou.
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