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Indústria demite pelo sétimo mês

Em março, houve perda de 950 postos nas empresas do ABC;
no mesmo mês de 2011, saldo era positivo em 900 ocupações

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
13/04/2012 | 07:14
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As indústrias da região estão demitindo há sete meses seguidos. Desde setembro, de acordo com os dados da pesquisa de emprego do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), o setor amarga saldos negativos de geração de emprego. Em março, houve a perda de 950 postos no Grande ABC. Para se ter ideia, no mesmo mês do ano passado, o saldo era positivo em 900 ocupações. Ou seja, diferença de 1.850 vagas.

O principal problema continua sendo a enxurrada de importados que gera concorrência desleal com os itens fabricados no País. Além de eles serem muito mais baratos, em especial os chineses, a burocracia brasileira também não ajuda os empresários. A carga tributária excessiva é a maior queixa (a do Brasil é de 35% do PIB, enquanto que a da China, 17%), seguida do câmbio, que favorece a entrada dos produtos de fora (o dólar está na casa de R$ 1,80, enquanto que o desejável para o setor seria acima de R$ 2).

O proprietário da Ecoplas, fabricante de cabos e injeção de plásticos de São Caetano, Claudio Armidoro - que também é diretor regional do Ciesp -, conta que perdeu dois clientes para a China. Um de seus produtos, o cabo de acionamento para caminhões, era vendido à montadora por R$ 6,85, enquanto que o item que encerrou seu contrato é adquirido por R$ 2,30. "Não tem como competir. O pior é que eles têm muitos produtos bons também. A indústria não tem medo da concorrência, ao contrário, ela é boa porque o empresário não se acomoda, se aprimora, mas não podemos concorrer desse jeito", desabafa.

Hoje, seu faturamento caiu pela metade e, do fim do ano para cá, foram dispensados 14 funcionários - quase 20% do seu quadro de 74 pessoas.

São Caetano foi o município que mais perdeu postos na indústria no mês passado, com baixa de 450. Além das autopeças, plástico e borracha, que já vêm sofrendo há tempos principalmente por conta do fornecimento ao setor automotivo, desta vez mais duas áreas mostraram que não vão bem: minerais não metálicos e móveis. "No caso dos minerais, que incluem óleo lubrificante, têm relação com os veículos, mas, no caso dos móveis, mesmo com incentivo (o IPI está reduzido desde dezembro), se a indústria demite ou dá sinais de que não está bem, as pessoas deixam de comprar. Se existe menos dinheiro no bolso, as vendas também diminuem", explica William Pesinato, diretor adjunto do Ciesp do município.

São Bernardo encerrou março com saldo negativo de 300 postos de trabalho, Diadema com 100 a menos e Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra com redução de 100.

 

No Estado, segmento não gera vagas no primeiro trimestre

Pressionado por baixas nos setores de itens alimentícios e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, em março foram fechadas 4.500 vagas no Estado de São Paulo.

Este é o pior março desde o início da pesquisa, em 2006, e o pior trimestre desde o início da série, excluindo o ano da crise, em 2009.

"A geração de empregos na indústria vai mal, a tendência no ano é se aproximar de zero, com perigo de ficar negativa", afirma Paulo Francini, diretor do departamento de pesquisa e estudos econômicos do Ciesp.

Até o mês passado, a criação de empregos pela indústria em 2012 foi zero, algo considerado pelo diretor como "muito anormal."

Apesar de o Índice Nacional de Atividade ter indicado o início da recuperação da indústria em fevereiro, na avaliação de Francini, a retomada da produção será lenta e só deve acontecer a partir do fim do primeiro semestre.

 




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