Foram entrevistados 250 professores do ensino particular (do infantil ao superior) e 250 profissionais de outras áreas. Enquanto no primeiro grupo mais de 60% disseram já ter tido problema vocal, o percentual cai para 38,5% no segundo grupo. “Como os professores trabalham com a voz o tempo todo, estão mais propensos a ter problemas”, aponta a fonoaudióloga Fabiana Zambon, uma das coordenadoras do estudo.
A carga horária intensa, turmas numerosas, classes sem revestimento acústico e falta de conhecimentos sobre o uso correto da voz, aponta Fabiana, são os principais responsáveis pela situação.
Segundo Fabiana, algumas escolas particulares oferecem orientação a seus professores sobre como lidar com a voz.
O estudo foi ampliado para todo o país, dessa vez com a inclusão dos professores da rede pública. Os resultados devem ser conhecidos no início de 2007. “Acho que o resultado ficará próximo do que já constatamos em São Paulo”, disse Fabiana.
A fonoaudióloga e professora da PUC-SP, Maria Laura Wey Martz, tem opinião semelhante. “Talvez a situação seja até mais grave na rede pública, pois o professor tem de trabalhar mais horas. O ponto crucial é o excesso de trabalho.”
Não há dados que apontem a quantidade de professores (rede pública e privada) afastados por problemas de voz.
Quando se constata o problema nas cordas vocais, o professor passa a exercer funções administrativas.
É o caso da professora Angela Maria Palermo dos Santos, da EE Professora Julieta Viana, em São Bernardo, que teve de abandonar a sala de aula após 20 anos de atividade porque contraiu calos nas cordas vocais. Mudou de função e há dois anos organiza a biblioteca da escola.
A Secretaria de Educação do Estado elabora o projeto denominado A voz do Professor. A primeira ação será uma videoconferência, no próximo dia 17, na Capital, com dicas de caráter preventivo e educacional para que o professor “entenda” a voz como instrumento de trabalho.
O projeto prevê a capacitação de profissionais da educação por meio de palestras com especialistas. O passo seguinte será repassar tais ensinamentos aos professores nas escolas.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.