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Luxuosos terão recorde de vendas
Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
11/09/2010 | 07:10
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A euforia tomou conta do segmento de carros de luxo e de alto luxo no Brasil. De acordo com projeções do mercado, a faixa de veículos com preço médio de R$ 180 mil deverá bater recorde de vendas, atingindo volume de 19 mil unidades em 2010 - alta de 37% sobre as 12 mil emplacadas em 2009. Cotados acima de R$ 1 milhão, os superesportivos também têm expectativas otimistas, podendo passar de 300 unidades neste ano contra 250 em 2009. Neste universo, não há espaço para automóveis nacionais, cujos preços não ultrapassam a barreira dos R$ 115 mil.

Um exemplo claro dos tempos eufóricos vem da Aston Martin. Representada no Brasil pelo grupo do empresário Sérgio Habib, a primeira loja recém-inaugurada da marca inglesa em São Paulo bateu recorde mundial de vendas em agosto, com 15 unidades comercializadas em menos de 30 dias.

Na média, um concessionário Aston Martin vende seis unidades mensalmente em qualquer outra localidade do planeta. O modelo mais barato é a versão cupê do Vantage V8, vendido aqui por R$ 600 mil. O carro mais caro é o DBS, que parte de R$ 1,2 milhão. Os Aston Martin encomendados em São Paulo só serão entregues em fevereiro, já que os carros têm produção quase artesanal.

"O consumidor brasileiro de alto poder aquisitivo voltou a perder o medo de comprar carros de luxo", afirmou Jaroslav Sussiand, diretor de relações internacionais da Lamborghini. "Ao contrário da Europa e dos Estados Unidos, que ainda não recuperaram o ritmo após a crise econômica mundial, aqui a confiança no crescimento do País é muito grande", afirma o executivo. Com meta de comercializar 20 modelos durante todo o ano, a Lamborghini já vendeu 13 unidades até agosto. "Como o segundo semestre costuma ser muito melhor, devemos superar nossa meta", disse Jaroslav. O preço médio de um veículo da marca italiana, que pertence ao grupo Volkswagen, é de R$ 1,2 milhão - três vezes mais que o praticado nos mercados da Europa em razão da nossa alta carga tributária.

AUDI
Num segmento tido como intermediário dos importados, a Audi já ampliou suas vendas no Brasil em 53% entre janeiro e agosto. Neste período, foram vendidos 1.947 carros da marca das quatro argolas contra 1.273 do mesmo período de 2009. "Certamente, 2010 é o melhor ano para este segmento dos importados", afirmou Leandro Radomile, diretor comercial da Audi do Brasil.

"Existe carro de luxo sobrando no mundo", afirmou o consultor Paulo Roberto Garbossa, especializado na indústria automobilística. "Como o Brasil quase não sentiu a crise econômica global, claramente muitos desses fabricantes buscam reforçar sua presença nos poucos mercados que estão aquecidos."

Garbossa lembra da estratégia de algumas marcas, como a BMW, que passaram a oferecer veículos com menos conteúdo para reduzir preço, atrair novos consumidores e ampliar vendas. "Essa é uma estratégia clara de buscar consumidores onde os mercados estão compradores. No Brasil, o trabalho fica um pouco mais difícil em razão da alta carga tributária", disse.

Para o presidente da Abeiva (Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores), José Luiz Gandini, os importados deverão somar 80 mil unidades neste ano. Para ele, o número ainda é irrisório diante de um mercado que deverá vender 3,4 milhões de unidades em 2010. "Sem dúvida, o Brasil será um importante pólo produtivo e de consumo. Nesse contexto, o setor de importação - ao contrário do que imaginam os xenófobos - tem papel preponderante, na medida em que pode e deve contribuir com o engrandecimento do setor automotivo brasileiro", disse Gandini.

No próximo Salão Internacional do Automóvel em São Paulo, a partir de 27 de outubro, os carros de luxo importados vão fazer a alegria dos visitantes, segundo Gandini. "Embora representem 15% da área total de exposição do Anhembi, as associadas à Abeiva mais uma vez serão a atração do Salão do Automóvel, que neste ano completa 50 anos de existência", afirmou Gandini.




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