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Dívidas comprometem fim de ano
Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
13/11/2006 | 21:47
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O comércio não tem grandes motivos para se animar com a chegada do fim de ano. No mês de novembro, o endividamento dos consumidores chegou ao índice de 70%. Esse quadro mostra um patamar muito alto de pessoas com dívidas voluntárias, aquelas contraídas com cartões de crédito, cheques especiais ou carnês e boletos bancários. Essa marca não era atingida desde dezembro de 2004, porém, muitos consumidores buscam eliminar as contas pendentes com a 1ª parcela do 13º para poderem fazer compras neste Natal.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo). Segundo a diretora da assessoria de Economia da entidade, Fernanda Della Rosa, o índice de endividamento do consumidor deste mês chegou próximo ao pico máximo que ocorreu em junho de 2004, de 72%. O nível das dívidas de novembro (70%) ficou oito pontos percentuais acima de outubro, de 62%.

Por outro lado, a análise mostra que, ao mesmo tempo em que o consumidor está enforcado, ele está canalizando seus ganhos para pagar contas pendentes e quitar mais parcelas em atraso. “As pessoas estão pagando seus débitos atrasados para fazer novos crediários”, afirma a diretora.

A porcentagem dos ganhos destinados a pagar contas caiu de 34% em outubro para 33% em novembro – menor índice desde janeiro deste ano. E as pendências em atraso diminuíram de 41% no último mês para 34%, o que é o melhor nível desde dezembro de 2005, quando se tinha 32% dos consumidores com débitos vencidos. “O perfil dessas dívidas, em geral, é de até um ano, com prazos longos, parcelas menores e mais crediários”, conta Fernanda.

Salários – Na pesquisa também foi analisado o endividamento por faixa de renda. O resultado é que quanto menor o ganho, mais a pessoa contrai dívidas para manter o consumo.

Na faixa de renda de até três salários mínimos, 76% das pessoas afirmam estar com dívidas, 49% delas em atraso, com 38% dos ganhos sendo destinados para quitar os débitos.

Dos entrevistados que ganham entre três e 10 salários mínimos, 77% contraíram contas futuras e 30% estão com algum pagamento atrasado, sendo 33% do salário empenhado com dívidas.

Já os consultados com mais de 10 salários mínimos, 56% estão com débitos para vencer; 25% estão com débitos vencidos e 29% do rendimento será utilizado para pagar contas.

Na análise por faixa etária e sexo, a diferença do percentual de consumidores com dívidas é mínimo. Entre as pessoas com até 35 anos, 71% se declararam endividadas, enquanto as com mais de 35 anos, 68%. Já entre homens e mulheres, o resultado é 71% e 70%, respectivamente.

Projeções – A Fecomercio-SP espera que o faturamento do comércio cresça 2% em dezembro e o ano feche com o acumulado de 3,8%. “Estamos desanimados, mesmo sendo a melhor data para o consumo. O que atrapalha é o nível de endividamento”, afirma a diretora da entidade. O mais aguardado no período será à entrada do 13º salário, que ajudará a saldar dívidas e melhorar o consumo.



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