Fundada há 47 anos, a creche Lar Benvindo atende 80 crianças de 2 a 6 anos em situação de risco social em Santo André. No local são oferecidas atividades lúdicas e alimentação. Mantida por meio de doações e convênio com a Prefeitura, a instituição tem fila de espera de 300 crianças.

Localizada no Jardim Progresso, a creche originalmente era orfanato, em funcionamento no bairro Serraria, em Diadema. No local viviam 30 menores. "Como o espaço era muito pequeno, o Lar Benvindo mudou para Santo André. Mas devido a vários problemas administrativos, o orfanato foi desativado e passamos a funcionar como creche", explica o coordenador Norival Giroldo. Em 1980, a instituição passou a ser administrada pela Loja Maçônica João Ramalho.

Segundo Giroldo, 90% das crianças que frequentam o espaço vivem no Jardim Cristiane, um dos mais pobres daquela região. Para matricular o filho, a mãe deve entrar em contato com a administração e uma assistente social visita a casa da família, para verificar as condições financeiras. "Damos prioridade para aqueles com maior necessidade e para mães que trabalham." 

CONSTRUTIVISMO

O sistema de ensino adotado pelo Lar Benvindo é baseado no método construtivista - desenvolvido a partir das palestras do filósofo alemão Rudolf Steiner, que trabalha em conjunto três âmbitos do desenvolvimento da criança: físico, social e individual. "Sabemos que o Ensino Infantil não tem função de alfabetizar, mas podemos estimular as crianças a entender o mundo a seu redor. Por isso temos várias atividades lúdicas, como pintura, brincadeiras e música", relata o coordenador.

Além dos exercícios na creche, periodicamente as crianças visitam parques, teatro e cinema. A rotina ainda inclui três refeições diárias: café da manhã, almoço e lanche da tarde. Os alunos chegam às 7h e ficam no local até as 16h30.

A instituição tem custo mensal de R$ 34 mil e conta com doações de 200 sociocontribuintes para manter o trabalho, convênio com a Prefeitura de Santo André, firmado há aproximadamente dez anos, doações esporádicas de alimentos, roupas, calçados e dinheiro, além do aluguel do salão social para festas.

Projeto de escola depende de ajuda federal 

O Lar Benvindo enviou neste ano ao Ministério da Educação projeto que prevê escola nos moldes da Fundação Salvador Arena, em São Bernardo. A ideia é construir prédio com três pavimentos, 12 salas, laboratórios de informática e de pesquisa, com o objetivo de tirar crianças de 7 a 15 anos da ociosidade após as aulas. No local seriam ministrados cursos de música, dança e técnicas circenses.

Além do espaço reservado para as crianças, cursos profissionalizantes para adultos, voltados para a construção civil, seriam disponibilizados gratuitamente para a comunidade. "O problema todo é o investimento. Calculamos que só para a construção do prédio sejam necessários R$ 10 milhões, mais R$ 5 milhões para equipamentos. Por isso estamos tentando recursos federais. Não é um sonho utópico, mas por enquanto é um pouco distante", avalia o coordenador Norival Giroldo. 

BAZAR

Enquanto isso, uma das principais fontes de renda para o Lar Benvindo é o bazar, que chega a responder por até 15% da receita mensal. Mantido por doações, ali se encontra de tudo: roupas, calçados, brinquedos, móveis e utensílios domésticos. 

LIVROS

Além das doações normais, outro tipo de ajuda também chegou ao Lar Benvindo. O alfaiate e escritor José Divino Crepalde doou parte da renda com a venda de dois livros para a creche. O segundo livro Parkinson - Uma Luta Sem Trégua relata sua própria jornada contra a doença.