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Pintor brasileiro Cícero Dias morre aos 95 anos em Paris
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
Com AE
28/01/2003 | 18:22
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“Uma Vida pela Pintura”. O subtítulo do livro sobre vida e obra do pintor pernambucano Cícero Dias resume em poucas palavras a carreira deste nordestino que escolheu Paris para viver e que por sete décadas a fio se dedicou às artes. O artista plástico morreu às 9h (horário de Brasília) desta terça, sem nenhuma causa específica.   

Morreu tranqüilo em casa (na rue Long Champ, Paris, seu endereço há quatro décadas) aos 95 anos. Estava com sua mulher Raymonde, a filha Sylvia e seus dois netos. O corpo será enterrado segunda-feira no cemitério de Montparnasse – após missa de corpo presente às 10h30 na igreja de Notre Dame de Grace de Tassy.   

Dias esteve no Brasil em fevereiro passado para o lançamento do livro já mencionado, em evento realizado no palácio Campo das Princesas (sede do Governo de Pernambuco).   

A vasta e produtiva carreira do pintor começou com uma exposição no Rio em 1928 e se estendeu até 1999, quando desenhou o piso para a praça do Marco Zero, na zona portuária de Recife.  

“Cícero foi o autor das primeiras pinturas murais abstratas da América Latina, feitas em 1948 no Recife”, afirma o galerista Waldir Simões de Assis Filho, coordenador do projeto editorial do livro.   

Apontado como o último modernista que ainda vivia, Dias manteve relações com nomes do modernismo brasileiro como Di Cavalcanti e Mário e Oswald de Andrade. Pablo Picasso batizou Sylvia, sua única filha. Também foi íntimo do poeta francês Paul Éluard, de quem foi o guardião do poema Liberté, o qual teve cópias lançadas por aviões sobre a França ocupada da Segunda Guerra.   

O pintor brasileiro também teve atuação política: foi contra o Estado Novo de Getúlio Vargas, o franquismo espanhol e o nazismo alemão. Dias deixou o Brasil em 1937, tendo Paris como destino. Em 1942 foi para Lisboa, mas três anos depois retornou à cidade francesa.   

Quando do lançamento de Cícero Dias – Uma Vida Pela Pintura, o pintor mostrou-se feliz pelo fato de o livro sobre sua obra ser acessível ao grande público (outros dois trabalhos a respeito de sua produção ficaram restritos a clientes das empresas que os patrocinaram).   

No lançamento da publicação, Dias, que já se locomovia em cadeira de rodas, demonstrou cansaço. Foi embora mais cedo que os convidados e não deu autógrafos nem entrevistas.




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