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Mais velhos ganham espaço no mercado
Carolina Lopes
Do Diário do Grande ABC
25/07/2010 | 07:10
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Ricardo Trida/DGABC


Nada de tricô ou dominó. Cada vez mais idosos e aposentados deixam seu merecido descanso para retornar ao mercado de trabalho. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a contratação de pessoas com mais de 50 anos cresceu 80% nos últimos oito anos em todo o País.

O Grande ABC também tem registrado bons números. Segundo o CPETR (Centro Público de Emprego, Trabalho e Renda) de Diadema, houve elevação de 21% na recolocação de trabalhadores mais velhos no primeiro semestre de 2010, na comparação com o mesmo período do ano passado.

"Como houve ampliação no mercado de trabalho, é natural que todos os públicos consigam uma fatia maior em decorrência do bom momento da economia", acredita o coordenador do CPETR de Diadema, Jerônimo de Almeida Neto.

Segundo o gerente de atendimento da Catho Online, Lucio Tezotto, a realidade do mercado tem mudado. Se antes a preferência era pelos mais jovens, hoje as empresas já enxergam o imenso potencial que não estava sendo bem aproveitado.

"Com certeza as empresas já estão enxergando a importância de ter profissionais mais experientes no seu quadro de funcionários. No auge da crise, por exemplo, as empresas preferiram contratar profissionais mais maduros e com salários superiores. Houve demissão de funcionários jovens, que foram substituídos por profissionais mais experientes", afirma Tezotto.

Qualificação - Essa realidade, entretanto, não se aplica a todos os trabalhadores com mais de 50 anos. Apenas os mais qualificados e que se mantêm constantemente atualizados conseguem retomar seu espaço no mercado.

"O profissional mais preparado não tem dificuldades para conseguir um emprego, não importa qual idade ele tenha. Já quem não tem qualificação encontra muitas barreiras", acredita o presidente da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Benedito Marcílio.

A falta de preparo faz com que a maioria das oportunidades destinadas a essa faixa etária tenha remuneração baixa. "As vagas mais oferecidas para esse público estão nos setores de comércio e serviços, para as funções de auxiliar de limpeza, porteiro, vigia, ou seja, cargos não muito complexos e com faixa salarial baixa. Em geral, a exigência é ensino fundamental completo e o salário varia de R$ 510 a R$ 800 ao mês", esclarece Almeida Neto.

Empresas ganham ao optar por experientes
Após atuar por mais de 30 anos na área contábil, o aposentado José Pedro de Medeiros, 65 anos, morador de Ribeirão Pires, nunca imaginou que fosse trabalhar com atendimento ao público após "pendurar as chuteiras".

Há um ano e meio, Medeiros trabalha como atendente de uma rede de pizzarias no Shopping ABC, em Santo André. "Quando me aposentei, tive uma redução de 30% no meu salário. Isso complicou a minha vida, pois preciso tomar remédios e tudo vai ficando mais caro com o passar do tempo. Por isso, vi o anúncio de emprego em um jornal e resolvi me candidatar", conta.

Para ele, voltar ao mercado só trouxe benefícios. "Tenho vários colegas que entraram em depressão após a aposentadoria. Para mim, voltar a trabalhar foi uma terapia", diz.

As empresas que contratam trabalhadores maduros só têm a ganhar, de acordo com Lucio Tezotto, gerente da Catho Online. "As principais vantagens do trabalhador mais velho são experiência profissional e conhecimento técnico. Além disso, ele é mais paciente e resiliente, características adquiridas com a maturidade profissional", afirma.




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