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Setor de fruticultura critica política da UE e EUA
Do Diário do Grande ABC
23/07/1999 | 18:04
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A política de importaçao de produtos agrícolas da Uniao Européia e EUA voltou a ser a tônica no segundo dia de reunioes entre o setor agroexportador e representantes do governo. As reunioes, que se iniciaram quinta-feira (22) (22) e se estendem até o dia 29, têm como meta estabelecer uma pauta brasileira para a Rodada do Milênio, reuniao da OMC que ocorre no fim do ano nos EUA.

Exportadores de frutas e suco de laranja conversaram nesta sexta-feira com técnicos dos Ministérios da Agricultura, Relaçoes Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Durante a reuniao, o setor privado reclamou da prática discriminatória na importaçao de frutas pela Europa.

Segundo Gilman Rodrigues, vice-presidente da CNA, a Europa tem imposto tarifas de importaçao para as frutas brasileiras, enquanto garante alíquota zero para países africanos e centroamericanos. O argumento, no caso dos africanos é de que a alíquota zero é uma forma de auxiliar ex-colônias.

No entanto, Rodrigues observa que a proteçao também tem um caráter comercial. "É curioso notar que as empresas que fazem a importaçao tem sede na Europa e ramificaçoes já consolidadas nos países favorecidos", observa.

Outra queixa dos exportadores brasileiros em relaçao à UE é a política de "valor de entrada" para frutas brasileiras como a maça, que tem similar em território europeu. "A Europa altera preços mínimos de entrada em seu mercado sem dar satisfaçao, e queremos que sejam feitas regras contra isso", disse Rodrigues.

Em seu encontro com o governo, exportadores de fruta sugeriram que o Brasil crie sistemas de contrapartida para transaçoes de comércio exterior e investimentos estrangeiros em território nacional. Os exportadores de manga citaram um caso nas relaçoes entre Japao e Colômbia como exemplo.

"O Japao tinha interesse em investir em uma determinada área na Colômbia, e os colombianos impuseram como condiçao que fosse aberto ao exportadores de manga locais o mercado japonês, que antes era do Brasil", disse Gilman Rodrigues.

O vice-presidente da CNA afirmou que o Brasil teria pelo menos uma ocasiao para tirar vantagem de situaçoes semelhantes. "O Canadá quer vender trigo duro para o Brasil e queremos vender maças para eles. Os negócios com trigo sao de US$ 160 milhoes, enquanto as maças representam US$ 1,5 milhao. Poderíamos pedir a abertura do mercado canadense de maças ao Brasil como contrapartida às compras de trigo", sugeriu.

Citros - Os exportadores de suco de laranja voltaram a se queixar das alíquotas impostas ao produto nos EUA. De acordo com Rodrigues, vice-presidente da CNA, a situaçao beira o absurdo atualmente. "A caixa de laranja está custando US$ 1,80 no Brasil, e o que os americanos taxam para a entra de suco na Califórnia é equivalente a US$ 2,00 por caixa de fruta", comentou.

A reuniao entre agroexportadores e o governo também acabou abordando questoes internas do setor. Os exportadores de frutas reclamaram da demora e do custo de US$ 50 cobrado pelo Banco do Brasil para expediçao de certificados de qualidade. "A demora pode causar até o cancelamento de negócios por nao cumprimento de prazo", disse Rodrigues. Outra reclamaçao do setor privado foi a burocracia na concessao de crédito à exportaçao.




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