Setecidades Titulo Descarte irregular
Descaso amplia problema ambiental no Jd.Primavera

Montanha de detritos, fruto de descarte irregular, dobra de tamanho em Mauá no período de um ano

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
14/09/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O descaso do poder público fez com que, no período de um ano, o descarte de entulho em área de proteção ambiental localizada no Jardim Primavera, em Mauá, fosse intensificado. O crime ambiental, inclusive alvo de ação na Justiça, segue impressionando quem circula pela Rua Aulivieri Bozzato, onde está o Condomínio Industrial Loteamento Coral.

Um ano depois de o Diário denunciar o problema, a equipe de reportagem voltou ao local e constatou que a ‘montanha’ de detritos dobrou de tamanho e, inclusive, cobriu duas nascentes de água. Durante 40 minutos na área, quatro caminhões, sendo um da Prefeitura, foram flagrados despejando entulho no espaço.

O ‘morro’ de resíduos – de cerca de 30 metros de altura – começou a ser formado em 2011. Desde então, outros cinco amontoados de detritos se formaram no local. Além dos prejuízos ambientais, o problema ameaça a vizinhança, tendo em vista o risco de desmoronamento de materiais em dias de chuva forte.

“Estou estarrecido com o que vejo. Um ano depois, a situação piorou, e muito. Não estamos falando somente de um crime ambiental, mas também de descaso com a saúde e a vida de pessoas. Esse material está poluído, é tóxico e pode desmoronar”, explicou o ambientalista Virgílio Alcides de Farias, advogado especialista em Direito Ambiental e presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC).

Tanto empresários quanto moradores do bairro ressaltaram o descaso do poder público em relação ao tema. Eles revelam terem feito diversas denúncias sobre o problema ambiental à Prefeitura, sem respostas. “Fizemos denúncia no MP (Ministério Público) e na Polícia Ambiental, mas ninguém faz nada. Estamos com a área cada vez mais poluída, ruas sujas e correndo risco de toda essa terra desabar” ressaltou um empresário que preferiu não se identificar.

A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) tem ciência sobre o caso desde 2011. Na época, o órgão foi informado sobre o uso da área pela administração municipal sem licença ambiental. Há um ano, o órgão estadual informou que enviaria equipe para a realização de perícia no local, o que, conforme os moradores, ainda não ocorreu. Questionada ontem, a companhia não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Embora a Prefeitura tenha destacado, há um ano, que a área seria fechada, nada mudou. Provocada novamente ontem, a administração disse que já solicitou “com urgência” a paralisação das atividades no local e também o cercamento da área com blocos de concreto, bem como a fiscalização, principalmente noturna, pela ronda da GCM (Guarda Civil Municipal), a fim de evitar a invasão pela população industrial e o descarte irregular.

O Paço garantiu, ainda, que que “o poder público, junto à iniciativa privada, está desenvolvendo projeto visando a construção de usina de reciclagem dos resíduos com trituração e reaproveitamento do material gerado pelos órgãos públicos” na cidade. Conforme a Prefeitura, a principal fase do projeto corresponde a estudo do solo da área para, a partir disso, poder tomar as providências cabíveis quanto ao material depositado ao longo dos anos.




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