Montanha de detritos, fruto de descarte irregular, dobra de tamanho em Mauá no período de um ano
O descaso do poder público fez com que, no período de um ano, o descarte de entulho em área de proteção ambiental localizada no Jardim Primavera, em Mauá, fosse intensificado. O crime ambiental, inclusive alvo de ação na Justiça, segue impressionando quem circula pela Rua Aulivieri Bozzato, onde está o Condomínio Industrial Loteamento Coral.
Um ano depois de o Diário denunciar o problema, a equipe de reportagem voltou ao local e constatou que a ‘montanha’ de detritos dobrou de tamanho e, inclusive, cobriu duas nascentes de água. Durante 40 minutos na área, quatro caminhões, sendo um da Prefeitura, foram flagrados despejando entulho no espaço.
O ‘morro’ de resíduos – de cerca de 30 metros de altura – começou a ser formado em 2011. Desde então, outros cinco amontoados de detritos se formaram no local. Além dos prejuízos ambientais, o problema ameaça a vizinhança, tendo em vista o risco de desmoronamento de materiais em dias de chuva forte.
“Estou estarrecido com o que vejo. Um ano depois, a situação piorou, e muito. Não estamos falando somente de um crime ambiental, mas também de descaso com a saúde e a vida de pessoas. Esse material está poluído, é tóxico e pode desmoronar”, explicou o ambientalista Virgílio Alcides de Farias, advogado especialista em Direito Ambiental e presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC).
Tanto empresários quanto moradores do bairro ressaltaram o descaso do poder público em relação ao tema. Eles revelam terem feito diversas denúncias sobre o problema ambiental à Prefeitura, sem respostas. “Fizemos denúncia no MP (Ministério Público) e na Polícia Ambiental, mas ninguém faz nada. Estamos com a área cada vez mais poluída, ruas sujas e correndo risco de toda essa terra desabar” ressaltou um empresário que preferiu não se identificar.
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) tem ciência sobre o caso desde 2011. Na época, o órgão foi informado sobre o uso da área pela administração municipal sem licença ambiental. Há um ano, o órgão estadual informou que enviaria equipe para a realização de perícia no local, o que, conforme os moradores, ainda não ocorreu. Questionada ontem, a companhia não se pronunciou até o fechamento desta edição.
Embora a Prefeitura tenha destacado, há um ano, que a área seria fechada, nada mudou. Provocada novamente ontem, a administração disse que já solicitou “com urgência” a paralisação das atividades no local e também o cercamento da área com blocos de concreto, bem como a fiscalização, principalmente noturna, pela ronda da GCM (Guarda Civil Municipal), a fim de evitar a invasão pela população industrial e o descarte irregular.
O Paço garantiu, ainda, que que “o poder público, junto à iniciativa privada, está desenvolvendo projeto visando a construção de usina de reciclagem dos resíduos com trituração e reaproveitamento do material gerado pelos órgãos públicos” na cidade. Conforme a Prefeitura, a principal fase do projeto corresponde a estudo do solo da área para, a partir disso, poder tomar as providências cabíveis quanto ao material depositado ao longo dos anos.
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