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Corredor Polonês já tem 55% de áreas invadidas
Danilo Angrimani
Da Redaçao
30/04/2000 | 18:50
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O Corredor Polonês tem 55% de sua área já ocupada por moradias. Os casos de adensamento mais graves estao no Jardim Riviera, Parque Miami, Clube de Campo e Parque Andreense. O Corredor Polonês é uma faixa de terra de 33 km de extensao, que pertence a Santo André e faz divisa com os municípios de Sao Bernardo, Mauá, Ribeirao Pires e Rio Grande da Serra. Toda a sua extensao faz parte da área de proteçao aos mananciais e é proibido qualquer tipo de construçao.

Os números da ocupaçao foram fornecidos por um levantamento aerofotográfico, obtido pelo grupo ecológico Sats (Serviço Aéreo Terrestre de Salvamento e Proteçao Ecológica).

Hermínio Costa, 56 anos, um dos fundadores do Sats, disse que a ocupaçao continua intensa dentro do Corredor Polonês. "Olhando essas fotos, tiradas de aviao, a gente percebe que tem muita casa nova, muita construçao sendo feita e pouca açao do poder público no sentido de embargar essas obras."

Moradores mais antigos do Parque Andreense afirmam que as invasoes têm sido freqüentes. "Eles chegam de madrugada, erguem um barraco e, quando amanhece, nao é mais possível tirá-los de lá".

Guardas municipais, que ficam de plantao nas proximidades da entrada da área conhecida como Jardim Clube de Campo, disseram que as invasoes realizadas durante a madrugada eram comuns, mas hoje "a situaçao acalmou" e as ocupaçoes clandestinas têm sido menos constantes.

Para alguns moradores, a realidade é outra. "A polícia só aparece quando tem algum morto por aqui", disse Raimundo de Jesus Silva, 38 anos, jardineiro e morador do Jardim Riviera. Silva afirmou que as invasoes acontecem "praticamente todo dia". "A gente vê os barracos surgindo a toda hora. O esgoto é jogado direto na represa".

Os ocupantes de terrenos no Corredor Polonês se defendem e dizem que sao empurrados para as áreas mais distantes dos grandes centros, por causa do preço dos aluguéis e dos imóveis. É o caso de Edilson Soares, 35 anos, morador no Parque Andreense. Soares comprou há seis anos um terreno no valor de R$ 6 mil. Gastou R$ 30 mil na construçao de sua casa. "Fui fazendo aos poucos. Foi a única maneira que encontrei para ter casa própria. Na cidade, o preço dos imóveis está lá em cima."

"O pobre vai no empurrao", constatou José Domingos Reis, 33 anos, que trabalhava na construçao de sua casa na tarde de sábado passado. O caso de Reis é igual ao de Soares. Os preços dos imóveis no centro da cidade o empurraram para as margens da represa Billings. "Aqui ninguém tem escritura, porque é área de manancial", disse Reis.

Helmut Costa, presidente do Sats, assinalou que o levantamento aerofotográfico mostra casas sendo erguidas dentro da mata ciliar (na beira da represa, responsável pela preservaçao das nascentes). "A retirada dessa mata é a morte das nascentes."




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