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Agosto registra deflação de 0,09%, menor taxa em 20 anos
Flavia Kurotori
Especial para o Diário
07/09/2018 | 07:10
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O oitavo mês do ano atingiu deflação de 0,09% nos preços. Trata-se do menor índice para o mês desde 1998, e a primeira variação negativa desde junho do ano passado – quando a queda havia sido de 0,23%, então a primeira em 11 anos. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do País, foi divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

“A deflação dificilmente é positiva porque é reflexo de atividade econômica fraca”, avalia Valdir Domeneghetti, coordenador da pós-graduação da Fipecafi. “Até maio, tínhamos expectativa de retomada, mas com a greve dos caminhoneiros a economia ficou mais lenta e tivemos um pico inflacionário (de 0,4%, maior marca mensal do ano)”.

Em sinergia, Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, assinala que, até a paralisação, o mercado acreditava que a economia cresceria até 2,5% em 2018. No entanto, atualmente a projeção é de, no máximo, 1,2%.

O principal grupo responsável pela queda do índice foi o de transportes (-1,22%), impactado pelo preço das passagens aéreas (-26,12%), que haviam encarecido 44,51% em julho. “A demanda diminuiu, principalmente por conta das viagens de negócios. Além disso, temos o fator sazonal em julho, que deixa as passagens mais caras por causa das férias”, observa Domeneghetti.

O segundo grupo que mais deflacionou foi o de alimentos e bebidas, 0,34%, com destaque para a cebola (-22,19%) e a batata inglesa (-11,89%). “Muitos alimentos represados durante a greve dos caminhoneiros chegaram com preços menores ao comércio”, afirma Balistiero. “A queda desses preços reflete uma reorganização dos estoques”, completa Domeneghetti.

Por outro lado, os grupos de artigos para residência, saúde e cuidados pessoais e habitação pressionaram o indicador com aumentos de 0,56%, 0,53% e 0,44%, respectivamente. O segundo, vale destacar, foi impactado pela alta na conta de luz (0,96%), que segue com a bandeira vermelha patamar 2.

Os especialistas pontuam que o ano deve encerrar com a inflação dentro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5% – lembrando que o piso é de 3% e o teto, 6% –, fato positivo para o mercado. No acumulado dos 12 meses, o IPCA soma 4,19%.  




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