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Pai, um carinho, por favor!
Do Diário do Grande ABC
12/08/2018 | 10:46
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Artigo

A paternidade sempre foi vista como o ‘lugar’ da autoridade, proteção, firmeza, das regras e da lei. De fato, estas premissas nos tornam o que somos: Pais.

Entretanto, temos acompanhado uma crise desses papéis, uma carência e disfuncionalidade no ser e fazer paternos. Podemos então perceber uma geração sem referências, carente não só da presença, mas da essência, daquilo que estrutura o ser humano. Sim, ouvimos ecoar por entre o caos social um apelo: Pai, um carinho, por favor! Podemos dar resposta a esse pedido resgatando, o que, para mim, são três fenômenos genuinamente paternos: voz que gera segurança, autoridade que cria espaço e liderança que aponta o eterno.

A acolhida de um filho é antes de tudo verbal. Uma comunicação dos pais e cuidadores, que se doam por amor! E a criança ainda no ventre materno percebe perfeitamente todos os matizes e entonações de nossa voz, e com maior nitidez e eloquência escuta a voz paterna.

O psicanalista norte-americano Bernard This afirma: ‘entre a vivência no líquido amniótico e a vivência ao ar livre, a voz do pai serve de referência transicional tranquilizante: in útero, a criança percebe a voz de seu pai, os sons graves são inclusive mais facilmente percebidos do que os agudos. E após o nascimento, a voz do pai, ligada à segurança fetal, exerce sobre a criança efeitos tranquilizantes: ela chora menos, acalma-se mais facilmente. Quando o pai a banha, ela se acalma, mostra a língua, sorri quando se fala com ela, dormirá rapidamente e seu sono será mais profundo, mais regular.’

Hoje, mais cedo que nunca, precisamos romper o silêncio adâmico, colocar nossa voz firme em prol de nossos filhos, eles querem ouvir nossos conselhos, sentimentos traduzidos em palavras. Quando nos calamos frente ao filho ele se perde na ansiedade da falta de referência. Pai, uma fala, por favor!

A verdadeira autoridade paterna está nessa capacidade de criar oportunidades, espaço para que o ser apareça na vida e se ponha na realidade. Nossos filhos precisam de estrutura, supervisão, de serem civilizados. Quando criados num ambiente muito à vontade, sob o princípio de não intervenção e despidos de liderança, no geral, eles começam a desafiar as convenções sociais e o bom-senso.

Muitos se machucam, pois buscam ‘fora de um lar’ a autoridade que queriam dentro de casa, e alguns nunca se recuperam. É dos braços de um pai que a criança vislumbra a realidade de um mundo a desbravar, pois, antes do pai, ela com a mãe eram quase uma só ‘pessoa’. Ser autoridade é ser para o filho o universo de possibilidades de descobertas de si e do mundo! Pai, um espaço, por favor!

Não podemos ficar escutando os pedidos de nossos filhos com o silêncio em resposta. É preciso assumirmos nossa paternidade nas mãos e sermos para nossos filhos o que eles precisam. Urge por nossa paternidade em ação!

Pai, seja pai, por favor!

Adriano Gonçalves é missionário, formado em filosofia e psicologia.

Palavra do leitor

A paternidade sempre foi vista como o ‘lugar’ da autoridade, proteção, firmeza, das regras e da lei. De fato, estas premissas nos tornam o que somos: Pais.

Entretanto, temos acompanhado uma crise desses papéis, uma carência e disfuncionalidade no ser e fazer paternos. Podemos então perceber uma geração sem referências, carente não só da presença, mas da essência, daquilo que estrutura o ser humano. Sim, ouvimos ecoar por entre o caos social um apelo: Pai, um carinho, por favor! Podemos dar resposta a esse pedido resgatando, o que, para mim, são três fenômenos genuinamente paternos: voz que gera segurança, autoridade que cria espaço e liderança que aponta o eterno.

A acolhida de um filho é antes de tudo verbal. Uma comunicação dos pais e cuidadores, que se doam por amor! E a criança ainda no ventre materno percebe perfeitamente todos os matizes e entonações de nossa voz, e com maior nitidez e eloquência escuta a voz paterna.

O psicanalista norte-americano Bernard This afirma: ‘entre a vivência no líquido amniótico e a vivência ao ar livre, a voz do pai serve de referência transicional tranquilizante: in útero, a criança percebe a voz de seu pai, os sons graves são inclusive mais facilmente percebidos do que os agudos. E após o nascimento, a voz do pai, ligada à segurança fetal, exerce sobre a criança efeitos tranquilizantes: ela chora menos, acalma-se mais facilmente. Quando o pai a banha, ela se acalma, mostra a língua, sorri quando se fala com ela, dormirá rapidamente e seu sono será mais profundo, mais regular.’

Hoje, mais cedo que nunca, precisamos romper o silêncio adâmico, colocar nossa voz firme em prol de nossos filhos, eles querem ouvir nossos conselhos, sentimentos traduzidos em palavras. Quando nos calamos frente ao filho ele se perde na ansiedade da falta de referência. Pai, uma fala, por favor!

A verdadeira autoridade paterna está nessa capacidade de criar oportunidades, espaço para que o ser apareça na vida e se ponha na realidade. Nossos filhos precisam de estrutura, supervisão, de serem civilizados. Quando criados num ambiente muito à vontade, sob o princípio de não intervenção e despidos de liderança, no geral, eles começam a desafiar as convenções sociais e o bom-senso.

Muitos se machucam, pois buscam ‘fora de um lar’ a autoridade que queriam dentro de casa, e alguns nunca se recuperam. É dos braços de um pai que a criança vislumbra a realidade de um mundo a desbravar, pois, antes do pai, ela com a mãe eram quase uma só ‘pessoa’. Ser autoridade é ser para o filho o universo de possibilidades de descobertas de si e do mundo! Pai, um espaço, por favor!

Não podemos ficar escutando os pedidos de nossos filhos com o silêncio em resposta. É preciso assumirmos nossa paternidade nas mãos e sermos para nossos filhos o que eles precisam. Urge por nossa paternidade em ação!

Pai, seja pai, por favor!

Adriano Gonçalves é missionário, formado em filosofia e psicologia.  




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