Política Titulo Entrevista
Parlamento deseja salário
mínimo regional de R$ 820

Em entrevista exclusiva, Police Neto diz que apresentará
proposta ao governador Geraldo Alckmin no fim do mês

Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
09/04/2012 | 07:25
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Liderado pelo presidente da Câmara de São Paulo, José Police Neto (PSD), o Parlamento Metropolitano quer estipular o salário mínimo nos 39 municípios da região em R$ 820. Em entrevista exclusiva ao Diário, o pessedista afirmou que a proposta será apresentada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) no fim do mês, mediante indicação das Câmaras.

Police Neto foi um dos articuladores para as filiações de políticos do Grande ABC no PSD, conquistando a adesão de seis dos 108 vereadores e um deputado estadual, José Bittencourt (Santo André), que deixou o PDT.

Os laços do parlamentar com a região foram estreitos em 2008, quando seu grupo apoiou a candidatura vitoriosa de Aidan Ravin (PTB) para a Prefeitura de Santo André.

O governo petebista, aliás, foi formado com três integrantes de seu grupo na Capital: Beto Torrado (Gabinete), Arnaldo Augusto Pereira (Planejamento) e Alekssander Soares (Comunicação) - os dois primeiros já deixaram a administração.

Se valendo do dinamismo da política, anuncia o rompimento com Aidan para apoiar a pré-candidatura a prefeito do deputado estadual Carlos Grana (PT).

 

DIÁRIO - O senhor iniciou a formação do Parlamento Metropolitano. Quais os resultados deste trabalho de articulação que completa um ano em maio?

JOSÉ POLICE NETO -Acelerou-se muito o processo de aprovação da lei que acabou por organizar a região metropolitana, projeto que estava na Assembleia há mais de cinco anos e foi votado exatamente neste período que começamos a articular. Nós pudemos realizar ações que passaram a ter publicações. Na semana que vem, comemoramos a décima publicação do Indicador Metropolitano, que são nossos trabalhos do colegiado mostrando resultados.

 

DIÁRIO -Quais temas são abordados?

POLICE NETO -No mês passado, abordamos a questão da renda familiar. Com base nesses estudos, surgiu a ideia do salário mínimo metropolitano que estamos apresentando para o governador (Geraldo Alckmin - PSDB). O governo Fernando Henrique (Cardoso - PSDB) aprovou lei dizendo que o salário mínimo poderia ser regional, mas não disse o tamanho dessa regionalidade, só que a responsabilidade para estabelecer seria dos governos estaduais. Vinte e sete por cento dos mais pobres deixaram de ser mais pobres, só que na Região Metropolitana foi um quarto disso. Porque importa menos a referência do salário mínimo do que para outras regiões. Só para citar um exemplo, o Vale do Ribeira tem R$ 9 mil de PIB (per capita). É lógico que importa muito mais para o Vale do Ribeira a recuperação para o salário mínimo do que para São Paulo. Por isso, o que estamos sugerindo é que tenha um corretor para São Paulo que vai levar o salário da região metropolitana para próximo de R$ 820.

 

DIÁRIO - Todas as Câmaras precisarão aprovar a indicação?

POLICE NETO -Até maio vamos trabalhar nesta convergência e os 39 Legislativos vão aprovar as indicações para levar em audiência com o governador o primeiro pleito do Parlamento Metropolitano.

 

DIÁRIO - Quando a audiência será feita?

POLICE NETO - Até o fim de abril, tão logo a gente aprove todas as indicações, vamos ao governador e falamos que temos o processo aprovado.

 

DIÁRIO -Na semana passada, foi fechado acordo para o Canal Legislativo na TV aberta. De que maneira esta iniciativa ocorrerá?

POLICE NETO - Conseguimos mais um avanço. O compartilhamento será metropolitano. Todas as ações têm sido de integração. O sinal chega na região inteira. Estamos compartilhando as 24 horas de programação com a regra que vai permitir aos 39 municípios da região metropolitana divulgar e dar transparência ao trabalho. A Câmara de São Paulo, pela representatividade dos 11 milhões de habitantes, tem um espaço maior. Mas é algo que permite a todos terem as informações e transparência absolutas. À medida em que você leva todo parlamento para a TV, ele fica exposto à sociedade.

 

DIÁRIO - A Câmara de São Paulo foi a primeira a instituir a Ficha Limpa...

POLICE NETO - Todos os outros criaram leis complementares ou leis ordinárias, mas nenhuma delas levou para a Lei Orgânica. Ao fazer isso, você estabelece uma obrigação para todos os servidores que estão e que virão. Cria-se rotina diferenciada. Todo ano, até o fim de janeiro, servidor comissionado terá que mostrar sua ficha limpa. Nos cargos efetivos, toda vez que fizer um concurso público ou assumir um cargo, tem que apresentar. Isso é extensivo ao Tribunal de Contas e administrações indiretas. A grande inovação foi exigir isso das diretorias de organizações que o município contrata, porque elas lidam com dinheiro público também.

 

DIÁRIO - Quais outros projetos que o Parlamento Metropolitano pretende discutir até o fim do ano?

POLICE NETO - O sistema de bilhetagem metropolitana, para reduzir os custos operacionais e baratear o custo de transporte. Todo município tem seu sistema. Ao ter isso, ele custa para a cidade. Se tiver um só... Queremos levar integração para os municípios, porque se reduzir os custos operacionais melhora para o cidadão.

 

DIÁRIO - Há discussão para realizar o bilhete único?

POLICE NETO -É exatamente isso. Quais as formas de integração? Agora que vamos conseguir planificar isso.

 

DIÁRIO - Como está a situação do PSD no Grande ABC?

POLICE NETO - Temos proximidade muito grande com o prefeito de São Bernardo. O (Luiz) Marinho (PT) é o nosso maior aliado no ABC. E para isso, uma convergência com a construção da candidatura do (Carlos) Grana (PT, pré-candidato a prefeito em Santo André). A gente espera anunciar (os apoios) entre final de abril e começo de maio. Temos um debate muito intenso em Ribeirão Pires. Ali é mais tenso porque ao longo de sete meses foi feita uma aproximação muito grande do PSD com o PMDB. A gente respeita esse movimento, mas é lógico que temos que resguardar toda articulação metropolitana que importa ao partido em 2014. Tem diálogo com o Saulo (Benevides). Respeitamos a candidatura dele e o posicionamento dos nossos dirigentes locais, mas ainda não está concluído. A gente espera nos próximos 20 dias concluir esse processo. Temos que ter maturidade. Temos uma candidatura apresentada pelo prefeito, que não conseguiu convergência com as lideranças locais. É preciso lembrar que Ribeirão Pires, proporcionalmente, é onde o PSD tem sua maior força.

 

DIÁRIO - Em Ribeirão, o partido está com o Saulo. Por outro lado, há a pré-candidata Maria Inês Soares (PT), para quem o Marinho articula. E o prefeito Clóvis Volpi (PV), que tem boa ligação com o Gilberto Kassab, apoia o Dedé (PPS). Como resolver esse triângulo?

POLICE NETO - Com maturidade política. Você tem que encontrar as convergências no projeto para a cidade e não projeto de poder para algumas pessoas. Ribeirão Pires será o grande teste, por conta das relações pessoais. O que importa para a política é a relação institucional e o projeto para a cidade.

DIÁRIO - Como está o posicionamento do PSD nos outros municípios?

POLICE NETO - Em Diadema há avanço consistente numa aliança. É um debate que está acontecendo com o (prefeito Mário) Reali (PT). Em Mauá temos uma liderança grande que é o vereador Manoel Lopes (DEM, a filha dele, Bianca, é presidente do PSD), é oposição ao prefeito Oswaldo Dias (PT). Não conseguimos pontos de convergência com a proposta apresentada pelo prefeito. É o cenário mais complexo para a gente.

 

DIÁRIO - Há definição em São Caetano?

POLICE NETO - Amadurece a ideia da candidatura da Regina (Maura Zetone, PTB). A gente deve mostrar o afinamento com o PSB. Queremos ajudar o presidente da Câmara de São Caetano (Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão da Padaria, PSB) ser figura de decisão no processo municipal. O PSD dará toda força para o Sidão ser referencial seja na vice, como estamos tentando a convencê-lo, ou na construção do projeto.

 

DIÁRIO - Essa tríplice aliança entre PT, PSD e PSB será expandida para as outras cidades?

POLICE NETO - A aliança em Santo André pode e vai pulverizar para as outras cidades. Partirá da cidade, porque Santo André é onde há um trabalho mais efetivo para montar base de partido que dê projeto e seja capaz de enfrentar o (prefeito) Aidan (Ravin, PTB).




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