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Bancário quer acabar com metas abusivas

Presidente do sindicato diz que prioridade em sua
gestão será lutar também contra o assédio moral

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
09/04/2012 | 07:20
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As metas abusivas estabelecidas nas agências bancárias e a consequente pressão realizada diariamente sobre os funcionários, com casos de assédio moral, são os maiores problemas enfrentados pela categoria na região. Isso é o que aponta Eric Nilson, presidente do Sindicato dos Bancários do ABC eleito no dia 4. Sua gestão terá início em 1º de julho e se estenderá por três anos. "Essas são questões que já vêm sendo reivindicadas pelo sindicato, que em meu mandato darei continuidade", diz Nilson.

Importante conquista obtida no último acordo coletivo, em outubro, foi a proibição da exposição de ranking de vendas nas agências. Lidera aquele que conseguir comercializar mais produtos bancários no mês (títulos de capitalização, seguros de vida, casa e carro, empréstimos e previdência privada). "As pessoas, no entanto, infelizmente ainda são medidas dia a dia e têm impostas metas sem condições de serem cumpridas. Geralmente as metas são 150% maiores do que no mês anterior. Ou seja, nunca a produtividade é satisfatória e o bancário se torna um vendedor."

Segundo Nilson, essas situações adoecem muita gente, pois as cobranças se transformam em ameaças de perda de emprego. E, de fato, a categoria é marcada por alta rotatividade, já que, se a meta não é cumprida, o funcionário é demitido e, em seu lugar, é contratado outro com salário menor. "Queremos dar mais estabilidade aos bancários."

Outra reivindicação será a manutenção do aumento real, que vem sendo conquistado há oito anos, sempre após a realização de greves. A vantagem da categoria é que desde 1992 existe um só acordo coletivo para todo o País, ou seja, os aumentos conseguidos são válidos para todos os funcionários brasileiros. E, desde 2000, há a unificação da campanha salarial para bancos públicos e privados. Até então, apenas os privados conseguiam reajustes; os públicos ficaram oito anos com salários inalterados. "Essa junção traz força para o movimento."

No ano passado, os bancários conseguiram aumento de 9%, sendo 1,5% de ganho real e 7,5% de reposição da inflação. Os escriturários, que recebem o piso salarial, tiveram 4,3% de ganho real, para R$ 1.400.

Os atuais 7.400 funcionários dos bancos na região têm salário médio de R$ 3.406. Em 2010, eram 6.700 trabalhadores com ganho em torno de R$ 3.158.

DESAFIOS - Nilson ainda tem como desafio romper o teto da PLR (Participação nos Lucros e Resultados). "Brigamos porque não deve haver limite para PLR. Os lucros têm de ser melhor divididos e proporcionais aos salários."

Hoje, a PLR corresponde a 90% do salário base mais o valor fixo de R$ 1.400, e é limitada ao total de R$ 7.827,29. Até o ano passado, o valor fixo era de R$ 1.100,80, e o benefício tinha teto de R$ 7.181.

Outra prioridade em sua gestão é banir o imposto sindical - ação liderada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), à qual a entidade é filiada. "Os sindicatos têm de sobreviver de sua mensalidade", diz. O imposto é um valor anual descontado da folha de pagamento que corresponde a um dia de trabalho. Até o dia 16, nos principais corredores comerciais do Grande ABC estarão instaladas urnas para que o assunto ganhe força.

No ano passado, o Sindicato dos Bancários do ABC já começou a devolver parte do imposto. Essa devolução era feita por meio da isenção do pagamento de uma mensalidade do sindicato no ano, que corresponde a 1% do salário mais 1% da cesta básica (R$ 7,50). Se o salário for o piso, de R$ 1.400, o valor isento é de R$ 21,50.

A data-base da categoria é em 1º de setembro, mas Nilson avisa que em julho já começam as conferências do setor para discutir quais serão as prioridades a serem cobradas dos banqueiros neste ano. "Perseguimos o que é melhor para o bancário."

 




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