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Lula fala da 'hospitalidade' britânica, mas não de Jean Charles
Da AFP
07/03/2006 | 21:57
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou nesta terça-feira à noite "a hospitalidade" da Grã-Bretanha em relação aos brasileiros, durante o jantar oferecido em sua homenagem pela rainha Elizabeth II, no Palácio de Buckingham. A rainha disse, por sua vez, estar "feliz" com a presença dos brasileiros no Reino Unido. Nenhum dos dois falou, porém, em Jean Charles de Menezes, o jovem brasileiro morto em 22 de julho de 2005 pela polícia britânica, ao ser confundido com um terrorista.

O eletricista, de 27 anos, foi assassinado pelos policiais um dia depois dos atentados frustrados de 21 de julho, em Londres, que se seguiram aos cometidos no dia 7 de julho e no qual 56 pessoas morreram, incluindo os quatro suicidas.

"A hospitalidade britânica atraiu vários brasileiros ao Reino Unido. Trabalhadores, estudantes, intelectuais e artistas (...) encontraram abrigo aqui", declarou Lula.

"Nós nos encontramos como bons amigos e aliados com uma história comum de dois séculos", devolveu a rainha Elizabeth II, que também destacou a crescente importância internacional do Brasil.

"Seu país é uma potência emergente-chave e importa para nós que o Brasil continue a se desenvolver de uma maneira que equilibre o crescimento econômico, proteção do meio ambiente e a promoção da boa governança", insistiu a rainha.

"É um grande prazer poder lhe dar as boas-vindas nesta visita de Estado", completou Elizabeth II, que usava uma tiara de águas-marinhas em conjunto com um colar, ambos dados de presente pelo governo brasileiro por ocasião de sua coroação, em 1953.

"Nossa amizade, que celebramos esta noite, é de grande importância para nós agora e será cada vez mais para os povos de ambos os países no futuro", acrescentou ela.

Em seu discurso, o presidente Lula também abordou a questão das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmando que a "liderança mostrada pelo Reino Unido na Europa, no G-8 e no cenário multilateral dará um impulso decisivo que nos permitirá ir adiante".

Lula sinalizou, assim, sua esperança de que Londres seja um aliado europeu nas negociações na OMC, tendo em comum com o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, com o qual deve se reunir na quinta-feira, o mesmo discurso crítico sobre a política agrícola da Europa.

Ele acrescentou que os dois países "trabalham juntos para combater o terrorismo, o tráfico de drogas e o crime internacional".

"De modo a enfrentar estas ameaças com mais eficiência e legitimidade, concordamos que é essencial respeitar os direitos humanos e também reformar o sistema multilateral, especialmente as Nações Unidas", disse Lula, que defendeu os esforços do Brasil para proteger o meio ambiente, ressaltando a queda significativa no desmatamento da Amazônia registrada no ano passado.

O presidente brasileiro chegou a Londres na madrugada desta terça-feira para uma visita de Estado de três dias. Na quarta, está prevista sua ida ao Palácio de Westminster, sede das Câmaras dos Comuns e dos Lordes, e na quinta-feira, será seu encontro com Blair e o ministro das Finanças, Gordon Brown.



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