Cultura & Lazer Titulo Hip hop épico
Protagonista do
teatro cidadão

Atriz Roberta Estrela D'Alva, 3º lugar da Copa do Mundo
de Slam, está em cartaz em São Paulo com 'Orfeu Mestiço'

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
08/11/2011 | 07:30
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Desde pequena, enquanto fazia teatro em São Bernardo com o professor Jaime Celiberto, Roberta Estrela D'Alva teve contato com uma arte à disposição da discussão sobre a realidade que o homem vive nos grandes centro urbanos. "Comecei com ele aos 13 anos. Era um professor bem brechtiano. Entrei cedo nesse universo", conta a atriz, que nasceu em Diadema.

Aos poucos, suas experiências foram agregadas à arte cênica. Depois de sair da ECA, na USP, seguiu, por convite de amiga, ao coletivo paulistano Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que dialoga com o teatro épico e a arte das ruas. O hip hop e a dança - "dessas que você aprende a dançar nas ruas, nos bailes" -, além de todo o cinza e todas as cores que comungam em São Paulo, viraram oportunidades de projetos para a atriz que sempre amou as ruas e costuma ver poesia nas diferenças.

"São Paulo tem tanta gente diferente convivendo. Isso é o ouro. Você desce do metrô, tem um grupo de ciganas, vê policiais, um negro e outro branco, do lado deles têm bolivianos e em alguma lojinha ao redor há um chinês vendendo seus produtos", diz Roberta.

O encontro, através de Luaa Gabanini, foi com Claudia Schapira, diretora do núcleo. "Ela vinha trabalhando com a pulsação da cidade, pesquisando sua estética e buscando maneiras de levar tudo à cena."

Para Roberta, teatro épico e hip hop - as principais expressões do Bartolomeu - se casam no que chama de auto-representação. "Você conta a sua história. O indivíduo é representado como o centro. A gente incorpora isso na figura do ator épico, que não faz mímese. Apesar de dar voz ao personagem, tem ponto de vista, olhar desconfiado, não está em busca da catarse ou identificação absoluta."

O hip hop também entra como elemento estético agregador. "O Brecht convive com Thaide. A rua não tem peso, tudo é importante."

Roberta, que se especializou em oralidade, também ficou em terceiro lugar na Copa do Mundo de Slam (competição em que se declama versos para júri), na França, em julho.

ORFEU
Ela, junto do Bartolomeu, está em cartaz em São Paulo com 'Orfeu Mestiço - Uma Hip-Hópera Brasileira', musical que junta ao palco diversos elementos da cidade. "É um projeto no qual trabalhamos por três anos. A gente fala de Orfeu, que é um tema para uma vida inteira, hip hop, ópera, mitologia indígena, africana, Europa, Brasil, Gilberto Freyre, Darcy Ribeiro...Tudo que a gente conseguiu comer, processar e devolver em pesquisa."

O enredo leva o mito até o período da ditadura militar. Um político recebe telefonema sobre sua mulher desaparecida no período e revive histórias que tentou esquecer. Atores e músicos dão vida à letras-poesias que formam a narrativa do projeto.

Orfeu - Uma Hip-Hópera Brasileira - Musical. No Núcleo Bartolomeu de Depoimentos - Rua Augusto de Miranda, 786, São Paulo. Tel.: 3803-9396. 6ª a domingo, às 20h. Ingr.: valor definido pelo público. Até dia 4.




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