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S.Bernardo esquece bairro contaminado por benzeno
Emerson Coelho
André Vieira
27/11/2008 | 07:01
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Em 13 anos, a contaminação no Jardim das Oliveiras 3, em São Bernardo, não teve nenhum programa de Saúde que atendesse especificamente os moradores do local. O problema é conhecido desde 1995, inclusive com a tramitação de uma ação civil pública sobre o tema.

O bairro, em área de manancial, foi erguido em cima de um antigo lixão. Em 1995 descobriu-se a existência de substâncias contaminantes, como o cancerígeno benzeno no solo, além de chumbo, cromo, cádmio e mercúrio em amostras de água.

Questionada desde 20 de novembro sobre quais ações de Saúde foram desempenhadas com os moradores do Jardim das Oliveiras desde que a contaminação do bairro foi descoberta, a Prefeitura de São Bernardo não destacou nenhum representante da Saúde para comentar a situação.

Ontem, a administração enviou uma nota informando, sem apresentar qualquer dado ou especificar nenhuma atividade, que "a população do Jardim das Oliveiras está sendo monitorada em relação aos agravos à saúde, por meio dos programas de agentes comunitários da Saúde e Saúde da Família, pelas unidades básicas de saúde e prontos-socorros da região e pelo Departamento de Vigilância à Saúde".

Os moradores do bairro, porém, afirmam que agentes de Saúde passam pelo bairro para visitas esporádicas e sem profundidade de análise. "Eles passam aqui e pedem para a gente assinar um papel. Nem perguntam direito quais os problemas de saúde que nós temos", diz o técnico de segurança Severino Tomé Pinto, 37 anos.

Coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Saldiva acredita que a determinação do grau de contato dos moradores com os resíduos possibilitará maior conhecimento do problema. "Em princípio, os riscos potenciais que os compostos apresentam estão relacionados com câncer, alterações reprodutivas - abortamentos, baixo peso ao nascer e malformações - e alterações cognitivas. A real existência desses riscos vai depender de medidas a serem realizadas nos moradores", disse Saldiva.

Autuada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), a Prefeitura de São Bernardo tem até fevereiro para apresentar estudo detalhado sobre a contaminação, apontando os riscos à saúde e aos recursos hídricos.

Na semana passada, a Secretaria de Estado da Saúde informou que tomou conhecimento da contaminação apenas em outubro, quando a Cetesb informou a situação do bairro.




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