Setecidades Titulo Frota abaixo do exigido
Suzantur descumpre contrato em São Carlos

Empresa de ônibus operava com 26 veículos a menos do que o exigido pela prefeitura do Interior

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
16/02/2018 | 07:00
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 Responsável por operar o transporte coletivo em Mauá e, de maneira temporária e a título precário, em Santo André, a Suzantur operou, nos últimos meses, em São Carlos, no Interior paulista, com 26 ônibus a menos do que o exigido em contrato. O índice – que representa 23% da frota total de coletivos da cidade – foi apresentado em balanço feito pela administração municipal ontem, três semanas após ter sido decretada intervenção no serviço.

Dos 110 ônibus que deveriam estar na garagem da Suzantur em São Carlos, apenas 84 foram encontrados por agentes da prefeitura no fim do mês passado, quando foi decretada a suspensão imediata do controle da Suzantur sob a operação de linhas de ônibus municipais que circulam na cidade do Interior paulista.

De acordo com o engenheiro civil e arquiteto Richard Wagner Jorge, nomeado como interventor pelo município para fazer a gestão da Suzantur durante 180 dias – prazo estabelecido em decreto –, o descumprimento da frota foi apenas uma das irregularidades encontradas pela prefeitura nestas primeiras semanas.

“Hoje operamos com 64 até 75 veículos por dia. Quando conseguimos tirar alguns da oficina e fazer rodar, conseguimos colocar até 75 veículos em circulação, mas na maioria dos dias não é isso o que acontece. A oficina sempre está lotada, no mínimo com nove veículos por dia. Tudo isso porque a manutenção preventiva não vinha sendo realizada”, reconhece o interventor. Segundo ele, o almoxarifado da empresa também estava vazio, sem nenhuma peça de reposição.

Para atender as 56 linhas regulares integralmente, a atual gestão do serviço diz ter alugado 20 veículos, cumprindo o que estabelece a Justiça. A intenção da empresa é alugar outros coletivos e validadores, aparelho que faz a bilhetagem. “Vamos procurar no mercado para alugar os validadores e integrá-los ao sistema que já está sendo utilizado”, comenta o interventor.

Richard Jorge garante também ter encontrado apenas R$ 13,9 mil no cofre da empresa durante a intervenção. “Ficamos sabendo que pouco antes de chegarmos à Suzantur a empresa de transporte de valores já tinha zerado o chamado caixa inteligente, recolhendo R$ 90 mil.”

Segundo Ademir Souza e Silva, na época chefe de gabinete da Procuradoria-Geral do Município, o valor recolhido pela empresa pode chegar a R$ 300 mil. “O que estava na Busfácil (empresa que gerencia o sistema de bilhetagem) no dia também foi recolhido”.

 

Em Mauá, empresa é suspeita de fraude

Assim como ocorreu em São Carlos, a Suzantur também descumpriu o número mínimo de ônibus exigidos pela Prefeitura de Mauá em contrato para exploração do serviço público de transporte no município.

Conforme mostrado pelo Diário no mês passado, o governo do ex-prefeito Donisete Braga (PT) autorizou que a Suzantur atuasse na cidade sem cumprir dois dos principais itens determinados na licitação: a oferta de 248 ônibus, todos zero-quilômetro.

Documentos obtidos pelo Diário comprovam que Donisete avalizou a Suzantur a rodar com menos carros do que o exigido no edital. A empresa ainda teve aval para operar com veículos usados, burlando, assim, as regras da concorrência pública.

De acordo com a Promotoria de Mauá, há indícios de irregularidades na liberação que o governo de Donisete deu à Suzantur para poder rodar com frota menor e seminova, em desrespeito à licitação vencida pela empresa.

Lilian Fruet, promotora de Justiça substituta no Ministério Público mauaense, determinou a abertura de inquérito para apurar o episódio no fim de janeiro, atendendo a representação do vereador Manoel Lopes (DEM).




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