É difícil não se apaixonar pela norte-americana Stacey Kent à primeira audição do seu novo disco, "Raconte-moi..." (EMI Music, preço médio não divulgado).
A cantora de suave voz aguda, célebre por recriar em seus trabalhos estandartes norte-americanos - de gente do quilate de Cole Porter e Irving Berlin - chega agora às prateleiras com álbum cantado em francês.
Apesar da língua, que desaproxima a cantora do cancioneiro do país de origem e revela sua paixão por línguas mais complexas e ‘saborosas', ela abre o disco homenageando o Brasil, com a versão francesa de Águas de Março, Lex Eaux de Mars. O tom é compassado e fluido, como a versão original.
Apaixonada também pela língua portuguesa, e a música brasileira, a cantora já revelou, em entrevistas, o desejo de cantar em português. Para isso, estuda a nossa língua, dizendo que só pode interpretar nossa poesia se dominar nosso idioma.
O resto do álbum navega por mares calmos. Meio bossa, com o violão pontuando alguns momentos e meio jazz, com uma suave bateria onipresente.
E se divide, ainda, nas 12 faixas, em canções mais românticas, como "Mi Amor", "Sait-on Jamais?" e "Le Mal de Vivre" com outras que sugerem uma gostosa paisagem de Leblon, por Manoel Carlos, com mais balanço, como "La Venus du Melo", "Raconte-moi" e "Jardin d'Hive"r.
A França e os Estados Unidos ganham o nosso banquinho e violão, mas têm a voz que desde Nara Leão não ouvimos por aqui.
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