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Beethoven para lembrar o 'herói'
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
25/10/2008 | 07:20
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Será com música de Mozart e de Beethoven que a Orquestra Sinfônica de Santo André homenageará o maestro Flavio Florence, após 30 dias de sua morte. Um pouco fora do calendário para coincidir com o domingo - ele morreu em 21 de setembro, após um anos e dez meses de luta contra o câncer - a missa será realizada neste domingo, às 10h30, na Igreja Matriz de Santo André (Praça Getúlio Vargas, s/nº, Vila Assunção).

Cerca de 60 integrantes da sinfônica, regidos por Wagner Polistchuk, mais 60 componentes do Coral da Cidade de Santo André capitaneados por Roberto Ondei sobem ao altar voluntariamente para render as homenagens ao maestro que por 20 anos comandou a orquestra da cidade.

O programa foi escolhido com sensibilidade: começa com Ave Verum Corpus seguida do trecho Lacrimosa, do Réquiem - ambas de Mozart, logo na abertura da missa. Continua com algumas intervenções do Coral da Igreja, com o Pai Nosso cantado pelas vozes do grupo de Ondei, e encerra com Orquestra e Coral executando o segundo movimento da Sinfonia Heróica de Beethoven, a Marcha Fúnebre.

"A Heróica foi a última obra que ele regeu com a Sinfônica de Santo André. Ele gostava de fazê-la. Foi uma peça que marcou muito", afirma Polistchuk, que assume a orquestra pelo menos até o fim desta temporada.

Em sua última entrevista ao Diário, cabe lembrar, Florence comentou sobre a Heróica em sua penúltima apresentação no Teatro Municipal da cidade. "Você não calcula o esforço que foi para reger. E você não calcula o que foi a qualidade daquela execução da orquestra, de todos os músicos. Foi emocionante", disse. "Era a sinfonia Heróica, mas por 30 minutos, o herói fui eu." O trecho escolhido pela Orquestra para amanhã é tido como a mais célebre passagem da obra.

Para Roberto Ondei, que foi ‘pupilo' de Florence no aprendizado de regência, este concerto junto com missa "é o mínimo" que seus amigos e colegas de profissão poderiam fazer para homenageá-lo.
Ondei diz que ainda sente muito a perda daquele que considera seu ‘pai musical'. "O grande ensinamento que ele deixa para mim é a vida dele. Ele me ensinou antes mesmo de me conhecer, quando eu, mais jovem, assistia a seus concertos", diz.

Ondei o tem como exemplo pessoal e profissional. "Ele era estudioso de vários assuntos e procurava fazer muito bem tudo o que se propunha", afirma. Para ele, esta é a hora de lembrar Florence não só pela luta dele contra a doença, mas pelo grande legado que deixa a Santo André.

A temporada 2008 segue até o final do ano do jeito que Florence planejou. E em todos os programas, aparecerá escrito, como diretor artístico, Flavio Florence, in memorian.




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