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Excesso de peso é epidemia no Brasil
Adriana Gomes
Do Diário do Grande ABC
06/01/2007 | 18:57
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O brasileiro come de forma errada, está cada vez mais obeso e tem sido bombardeado pela propaganda da comida calórica e rápida em contradição com os ideais de saúde e estética. Na outra ponta de um país de dimensões continentais, há o cidadão que come tão pouco e tão mal que não cresce o quanto deveria e apresenta outros problemas de desenvolvimento. Essas foram as conclusões que especialistas ligados ao Ministério da Saúde apresentaram em Brasília recentemente, na ocasião em que anunciaram medidas para tentar corrigir desvios na alimentação de crianças e adultos já no próximo ano.

O Diário entrevistou famílias de três divisões sociais na região e verificou que somente os extratos mais privilegiados da população regional ensaiam uma alimentação mais adequada e saudável.

Segundo os números apresentados pela Coordenação da Política de Alimentação e Nutrição do ministério, parcela significativa da população das regiões Sul e Sudeste sofre com o excesso de peso. E em todos os Estados brasileiros o índice é de pelo menos 20%.

A equação encontra apoio nos componentes do prato do povo. Na análise da evolução dos grupos alimentares na dieta do brasileiro, no período de 29 anos, nota-se que consumimos cada vez mais biscoitos, refrigerantes, laticínios industrializados e carnes, e cada vez menos arroz, feijão e raízes, como a brasileiríssima mandioca. O resultado aparece na balança.

Segundo o Ministério da Saúde, do início dos anos 1970 até hoje, o consumo do feijão caiu 31%, e o do arroz, 23%. Enquanto isso, biscoitos industrializados foram sendo devorados cada vez mais: o crescimento no período foi de 400%. Muitas marcas desses aparentemente inocentes biscoitinhos – apesar dos recentes aconselhamentos direcionados à indústria alimentícia – têm em sua composição muito sódio e gordura hidrogenada, que, consumidos além do patamar do bom-senso, engordam e fazem muito mal à saúde.

A razão de tamanha mudança passa principalmente pela questão da correria da vida moderna, pelos efeitos da propaganda ou pela soma desses e de muitos outros fatores? Médicos e nutricionistas não perdem tempo com essas reflexões. Basicamente, apressam-se em recomendar mudança urgente dos hábitos. “É possível (manter uma alimentação correta) desde que haja disciplina. A indústria já está colocando no mercado produtos com menos gordura e sódio, sem gordura trans etc. E com o surgimento de restaurantes por quilo, ficou fácil a alimentação fora de casa”, defende Alessandra Paula Peron, 34 anos, nutricionista mestre em ciências aplicadas à Cardiologia, que atende na região.

A profissional lembra que mesmo a maior rede de fast-food do mundo já coloca à disposição dos clientes salada e água de coco. “O que falta agora é a cultura de começar a fazer escolhas certas”, acredita Alessandra. Ela acrescenta que a educação alimentar de base, na infância, é fundamental para formar bons hábitos.




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