De olho no transito Titulo
O massacre

Os mortos em acidentes nas estradas federais cresceram 13,2% na comparação com 2007

Cristina Baddini
09/01/2009 | 00:00
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O número de mortos em acidentes nas estradas federais cresceu 13,2% na comparação com os dados do ano anterior. Nos feriados do Natal de 2008 e da virada para o ano de 2009, 435 pessoas morreram nas rodovias federais, contra 384 no mesmo período de 2007 e 2008. Os números, referentes aos desastres ocorridos entre 20 de dezembro do ano passado e 4 de janeiro deste ano, foram divulgados pela Polícia Rodoviária Federal.
Além do total de mortos, cresceu também o número de acidentes e de feridos. Foram 7.140 desastres nestes feriados prolongados, 7,84% a mais do que o registrado no ano anterior.

Indignação
Não é mais possível aceitarmos com resignação - e até certo conformismo - que o trânsito brasileiro mate e mutile, todos os anos, mais brasileiros do que muitas guerras sangrentas. Estamos todos boquiabertos com os mortos da Faixa de Gaza, mas o número de vítimas lá até agora equivale aos mortos no fim de ano nas rodovias federais. Não é razoável aceitarmos que os nossos jovens sejam as principais vítimas de um trânsito violento por causa tanto da omissão de muitas autoridades, quanto pela morosidade da Justiça e pela impunidade dos culpados.

As quantas andam
O atual CTB (Código de Trânsito Brasileiro) produziu efeitos positivos na segurança ao introduzir novos conceitos e instrumentos para fiscalização e controle do trânsito. Os medidores eletrônicos de velocidade, impessoais e sempre presentes, associados a multas e punições mais rigorosas, causaram significativa redução no número e na gravidade dos acidentes de trânsito rodoviário.

O que já foi feito no mundo
São muitos os exemplos de sucesso no mundo. Países que conviveram com o mesmo problema e que decidiram, em saudável cumplicidade com a sociedade, adotar a velha porém infalível fórmula que combina regras severas com educação rotineira, fiscalização permanente e punição célere e justa para os infratores.
Assim foi nos EUA, na Inglaterra, no Canadá, no Japão e, recentemente, em Portugal e Espanha.

Política pública adequada
Defendo que uma política adequada de segurança deve buscar reduzir a exposição ao risco, a quantidade e a severidade dos acidentes e os danos às vítimas. Muitas são as medidas que diminuem a exposição ao risco. A instalação de medidores de velocidade tem o objetivo de fiscalizar o tráfego de veículos acima da velocidade regulamentada. A sua utilização se faz mais importante na medida em que os riscos de acidentes se tornam mais frequentes no trânsito.

O que o governo pode fazer
É preciso reavaliar a exigência da sinalização dos locais de implantação dos medidores de velocidade, suprimindo as alterações feitas na Resolução n.º 146/03 pela Resolução n.º 214/06, buscando opções e condições de instalação dos medidores (lombadas, radares e medidores estáticos e móveis).

Cuidado ao volante
O desenvolvimento de uma cultura de respeito ao limite de velocidade e a minimização das chances da execução de manobras de risco por parte dos condutores são fundamentais. A maior aplicação de tecnologia junto ao trânsito - desde radares, lombadas eletrônicas, sensores de faixas de pedestres, sensores de ultrapassagem incorreta do semáforo -, no intuito de se fiscalizar melhor, é fundamental.

Cristina Baddini é especialista em trânsito. Mande suas dúvidas ou sugestões para o e-mail crisbaddini@dgabc.com.br.




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