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Avriletes lavam a alma em show no Pacaembu
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
27/09/2005 | 08:20
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Mentiras e verdades sobre o show de Avril Lavigne no estádio do Pacaembu, em São Paulo, no último domingo. Não foi um show como outro qualquer: verdade. A responsabilidade pelo show ter sido tão especial foi da performance ao vivo da cantora canadense e da qualidade do som: hum... meia-verdade. O público, de 40 mil pessoas e majoritariamente formado por crianças e adolescentes e seus respectivos pais, não correspondeu à sucessão de hits da intérprete: mentira, e das mais cabeludas. A platéia foi uma das mais inflamadas que a história dos concertos de rock já viu e a verdadeira responsável pela peculiaridade do show, que encerrou a agenda brasileira da estrela pop.

Raramente foram vistos tantos ocupantes de bancos traseiros em um show de rock. Tampouco uma quantidade tão grande de espectadores montados em cavalinho, sobre os ombros dos pais. Verdadeiras tropas de crianças – de 8, 9, 10 anos – foram acompanhadas dos pais, um público complementado por adolescentes cujos figurinos imitavam as deliberações dos estilistas de Avril: saias plissadas e gravatas sobre camisetas pretas, que tiveram de tolerar a intromissão de capas de chuva. Está certo que, durante o show, não caiu um gota sequer dos céus, apesar do ameaçador clima nublado. Ao fim do espetáculo, no entanto, os espectadores tomaram uma moderada ducha ao ar livre, mais ainda aqueles que apinharam a frente da praça Charles Miller à espera da carona paterna.

A banda carioca Leela abriu os trabalhos. Além de executar músicas de autoria própria, como Te Procuro, apelou para incendiar o público, com covers de White Stripes (Seven Nation Army) e Nirvana (Rape Me). Na mosca! Os 40 mil avriletes e seus acompanhantes faiscavam, prontos para detonar quando a atração principal assumisse o palco.

E Avril não fez charminho. Entrou na arena às 19h50, 40 minutos antes do horário previsto. E entrou para solar, ao abrir com Sk8er Boi, um de seus mais usados hits. A adesão da platéia foi imediata, de uma tal maneira que os gritos agudos e estridentes, particularmente os infantis e femininos, chegavam a encobrir a voz da cantora em alguns instantes. Avril, esperta, decidiu elevar a temperatura ao ponto de ebulição já de saída e emendou com Unwanted e My Happy Ending. Seria uma tarefa árdua como um trabalho de Hércules encontrar alguém com estatura menor de 1,5m que não entoasse, em inglês perfeito e a plenos pulmões, versos como “You were everything, everything that I wanted...”.

O som deixou a desejar, de qualidade ruidosa. Não que isso importasse muito à freguesia, completamente entregue à simpatia e à solicitude de Avril, que desdobrou a cartela de hits, presentes nos discos Let Go e Under My Skin. Canções como I’m With You, Losing Grip, Take Me Away, Don’t Tell Me e He Wasn’t. A qualidade mediana do áudio ficou evidente quando Avril assumiu o piano para tocar Together, outro arroz de festa nas FMs. Uma mixórdia sonora que dificultou a identificação dos instrumentos, mas que ao menos não prejudicou a voz da cantora que, diga-se de passagem, manda muito bem ao vivo.

Faltou improvisação, o sabor do inédito, num show direto e reto, curto e grosso. Nem mesmo no bis, quando Avril sentou-se à bateria para um cover do Blur (Song #2), houve escapatória do programático, do sistemático. A cantora fechou com outro cover – All the Small Things, do Blink 182 – e com Complicated, outro da lista de sucessos por encomenda. Deixou o tablado às 21h, após 1h10 de apresentação. “Gostei muito do show, ela mandou muito bem. Eu só acho que deveria ter tocado mais músicas, foi muito curtinho”, afirma Daniele Diniz Gianasi, 17 anos, de Ribeirão Pires, que inaugurou seu currículo de concertos em estádio no domingo. Assim como ela, era o primeiro show para muita gente ali presente. Por isso, também, não haveria som ruim, performance quadradinha nem pancada de chuva que estragasse a breve – e inesquecível, na palavra de muitos – passagem de Avril Lavigne pelo Brasil.




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