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Ford desiste de instalar fábrica no RS
Evando Nogueira
Da Redaçao
28/04/1999 | 21:33
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A Ford Brasil confirmou nesta quarta que está desistindo de instalar sua fábrica do Projeto Amazon - uma nova família de veículos - no Rio Grande do Sul, na cidade de Guaíba. Segundo a empresa, a desistência foi motivada pela insistência do atual governo gaúcho em nao cumprir um acordo firmado com a gestao anterior, de Antônio Britto, que previa o repasse de recursos do Estado à montadora.

Em 1998, o Estado já havia emprestado R$ 42 milhoes para a Ford, mas ainda faltariam R$ 418 milhoes, incluindo recursos para capital de giro e investimentos em infra-estrutura. Pelo acordo firmado com o governo anterior, o dinheiro seria devolvido em 15 anos, com cinco de carência e juros de 6% ao ano, sem correçao monetária.

A ruptura das negociaçoes entre o Rio Grande do Sul e a Ford foi causada por uma diferença de R$ 264 milhoes entre o contrato original de incentivos e o que o novo governo está disposto a pagar. O Estado propôs a manutençao dos incentivos fiscais originais e o repasse de R$ 154 milhoes entre obras de infra-estrutura e capital de giro, além dos R$ 42 milhoes já liberados em 1998.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, disse que a entidade deve iniciar rapidamente estudos para saber a viabilidade de a fábrica vir a ser instalada na unidade produtiva que a companhia possui em Sao Bernardo. "Sabemos que outras localidades estao interessadas nessa fábrica, mas nao é impossível que ela venha para a regiao. Hoje, a planta de Sao Bernardo opera em menos da metade da área instalada."

Marinho afirmou que, anteriormente, a direçao da empresa havia cogitado em trazer a fábrica de caminhoes para o Grande ABC, mas o projeto nao foi aceito pela matriz norte-americana. "A unidade de Sao Bernardo possui tudo para receber a fábrica. O problema é que o Estado de Sao Paulo nao irá oferecer incentivos, o que é uma das condiçoes da Ford para ser mais competitiva."

A Ford informou, por meio de um comunicado, que vem mantendo contatos com a atual administraçao do Rio Grande do Sul desde dezembro 1998, quando houve a primeira conversa com o governador Olívio Dutra. A montadora se disse surpresa com a comunicaçao, em 30 de março, de que o governo gaúcho nao cumpriria os compromissos assumidos, situaçao que nao se limitava apenas à liberaçao de parcela de financiamento contratado mas também, à execuçao de obras de infra-estrutura, "sem as quais a instalaçao da fábrica nao tem, evidentemente, condiçoes de prosseguir".

"Desde a citada notificaçao, a Ford tem tentado demover o Estado de sua decisao, procurando mostrar os aspectos que orientaram, na sua origem, a definiçao do projeto, a similaridade das açoes de responsabilidade do Estado com programas de investimentos semelhantes realizados em outras partes do Brasil e no exterior, e os extensos benefícios sociais e financeiros advindos do mesmo", afirmou o empresa no comunicado.

Ainda segundo esse comunicado, a Ford afirmou que o Projeto Amazon é definitivo para o Brasil e ele será realizado "onde se mostrar viável fazê-lo, respeitadas as necessárias variáveis de competitividade que o condicionam". No ano passado, em entrevista ao Diário, o presidente da empresa, Ivan Fonseca e Silva, havia afirmado que o futuro da empresa estava em Guaíba.

O Projeto Amazon, que envolve investimento total de US$ 1 bilhao, é prioridade na estratégia mundial da empresa. A fábrica para essa família de veículos será uma das mais avançadas da companhia, já que deve trazer inovaçoes tecnológicas na produçao de automóveis. A unidade será uma espécie de experiência para a companhia, pois seus métodos serao transplantados para outras plantas no mundo. A linha Amazon envolve carros compactos, dos quais o principal será um utilitário esportivo, que, até o momento, é guardado a sete chaves pela direçao da Ford.




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