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Oito mil munições são furtadas da GCM
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
13/09/2006 | 23:53
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Aproximadamente oito mil munições foram furtadas da sede da Guarda Civil Municipal de São Caetano, localizada no bairro Santa Maria. Sumiram do almoxarifado 5.676 cartuchos de revólver 38 e 1.973 balas para pistola calibre 380, totalizando 7.649 munições.

De acordo com apuração do Diário, a quantidade furtada daria para abastecer durante cerca de seis meses o efetivo da GCM, que é de 340 homens, considerando-se o prazo de validade do material.

Inquérito policial foi instaurado na delegacia sede do município para apurar o caso. O principal suspeito do crime é o guarda Marcelo Vital Pinheiro, 36 anos, que foi indiciado por receptação. Ele foi flagrado vendendo munições para um colega que fingiu ser comprador. A situação foi armada pelo comando da corporação para comprovar a suspeita de desvio.

A constatação da falta de munição ocorreu em 25 de julho. Em depoimento à polícia, o comandante da Guarda Civil Municipal, Balbo Santarelli, disse que havia recebido um telefonema anônimo revelando os desfalques.

Santarelli, por sua vez, incumbiu um GCM para investigar o caso e descobrir a autoria dos furtos. Esse guarda marcou um encontro com Pinheiro para comprar uma caixa de 50 munições calibre 380, ao preço de R$ 100, valor que seria pago posteriormente.

No encontro, a caixa entregue correspondia ao lote desaparecido da sede da corporação. Após a constatação, Santarelli avisou a polícia. O caso foi encarado como peculato, isto é, quando um funcionário público se apropria de bens ou dinheiro público ou privado em função do cargo que ocupa. Como ainda não foi provado que Pinheiro foi o responsável pela retirada do material, o guarda foi indiciado por receptação e responde o caso em liberdade.

A Prefeitura instaurou sindicância interna e a primeira medida foi suspender Pinheiro do trabalho por 30 dias. Porém, ele voltou a trabalhar normalmente na última terça-feira, no mesmo horário que atuava, das 18h às 6h, conforme o próprio guarda disse à reportagem. “Tenho de pedir autorização da GCM para dar declarações sobre a minha defesa”, disse Pinheiro.

De acordo com a polícia, o almoxarifado não teve nenhum sinal de arrombamento e é trancado com cadeado. Possuem as chaves somente três pessoas: o responsável pelo departamento, um supervisor e o comandante da corporação. Segundo investigação, suspeita-se de que Pinheiro teria utilizado uma chave micha para abrir o cadeado.

A Prefeitura não informou o volume total do estoque da corporação. Em nota, disse apenas que as munições furtadas foram imediatamente repostas, sem prejuízo à prestação de serviços da Guarda. A administração municipal informou ainda que, como o caso está sendo investigado por sindicância interna e pela polícia, detalhes estão sendo mantidos em sigilo.

Diversos guardas ouvidos pela reportagem disseram que, pelo menos por enquanto, não está faltando munições para o trabalho cotidiano.

“As investigações estão em andamento e o que temos de concreto até agora é o indiciamento de Pinheiro. Precisamos ainda colher diversos depoimentos. Não está descartada a participação de outros guardas no caso”, afirmou o delegado-titular da delegacia sede de São Caetano, Adilson da Silva Aquino.

Em dois depoimentos, Marcelo Pinheiro contou duas versões para se defender. Na primeira, disse que tinha comprado as munições de um antigo amigo chamado Doido, que o incumbiu de revendê-las, ganhando metade dos lucros. Em média, vendeu cada unidade por R$ 1. No mercado legal, esse valor chega a R$ 2,50. Pinheiro afirmou que havia revendido para dois colegas, que negaram a negociação. Dias depois, Pinheiro prestou novo depoimento com nova versão. Disse que havia adquirido as balas de um outro GCM. Esse guarda, por sua vez, também negou a acusação.




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