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Escola de Santo André vira 'Carandiru'
Mário César de Mauro
Do Diário do Grande ABC
16/05/2003 | 21:59
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Uma batalha de carteiras que terminou com uma aluna ferida na perna e 12 alunos na delegacia revelou a situação de total descontrole na Escola Estadual (EE) Manoel Grandini Casquel, no Jardim do Estádio, em Santo André. Os próprios alunos chamam a escola de Casqueldiru, em referência ao Carandiru, complexo penitenciário recém-demolido em São Paulo. Em algumas portas a palavra 'sala' foi substituída por 'cela'.

O trocadilho pesado ganha sentido já na aparência física da escola: grades e telas em todas as janelas, correntes e trancas em portas e portões, horários de abertura e fechamento, vidraças quebradas, paredes pichadas e banheiros depredados.

O descontrole é tamanho que, no último dia 6, numa semana em que diversas lâmpadas foram quebradas, as merendeiras fornecidas pela Craisa deixaram a escola por falta de segurança.

A batalha ocorreu no dia 29 de abril. Policiais militares foram chamados pela direção e detiveram os 12 alunos, entre 12 e 16 anos, que foram levados para o 3º Distrito Policial de Santo André. Eles foram identificados como responsáveis por lançar as cadeiras do andar superior para o térreo, e feriram por conta da desordem a perna de uma colega de 15 anos. Um boletim de ocorrência – ato infracional – de dano e lesão corporal dolosa foi elaborado.

Dois meses antes, duas alunas ficaram feridas ao serem atingidas por estilhaços de uma bomba que explodiu no refeitório da escola, e um outro boletim de ocorrência foi registrado na mesma delegacia.

Aos policiais, funcionários da escola disseram que os tumultos são freqüentes. Segundo estes, poucos professores conseguem dar aula. “Alguns se acabam tentando chamar a atenção dos alunos, outros não conseguem mais. Está difícil mantermos o controle de todos. Tudo acontece nesta escola”, disse uma educadora que não quis ser identificada. “Tenho aulas de apenas três matérias, as demais os professores não conseguem dar. Aqui tem muita baderna, pouco se aprende. Na porta da minha sala está pintado cela”, disse uma aluna da 6ª série.

Pais de alunos têm medo que seus filhos estudem na Casquel. Para a conselheira da Apeoesp (Sindicato dos Professores de Ensino Oficial do Estado de São Paulo) de Santo André, Ana Lúcia Branqueletti, a escola é uma das piores da cidade. “Ela é extremamente problemática, e mesmo os professores têm medo de denunciar a situação”, afirmou.

Segundo a assessoria de imprensa da Secreteria de Estado da Educação, a Direção Regional de Ensino de Santo André acompanha constantemente a escola, que tem uma nova diretora há uma semana, e todos os problemas estão sendo, ou foram, resolvidos.




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