Política Titulo Editorial
Ruas perigosas
Do Diário do Grande ABC
07/01/2018 | 10:11
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O ocorrido, na noite de sexta-feira, é triste. Enquanto dormia sob marquise na Avenida Dom Pedro I, próximo ao Terminal da Vila Luzita, o casal Adaildo Raimundo de Jesus, 43 anos, e Ducineia Sousa da Costa, 47, teve os corpos embebidos de álcool combustível pelo colega Damião Batista de Oliveira, 48, que, na sequência, ateou fogo. Eles haviam se desentendido, segundo a versão do acusado, por causa da disputa por espaço. As vítimas não morreram porque pedestre que passava pelo local correu em socorro, conseguindo aplacar as chamas.

O lamentável episódio que envolveu três moradores de rua em Santo André deve servir de alerta às autoridades. A vigilância já seria desejável se o caso fosse inédito, mas se trata de reincidência, em menos de seis meses. Em agosto, Fabio Netto das Neves, 48, e Michael Steer Renshaw, 50, foram assassinados a pauladas pelo colega Manoel Almeida da Silva, 46, no Bairro Casa Branca.

A similaridade entre as duas ocorrências demonstra que as ruas de Santo André estão cada vez mais violentas, a demandar atenção especial das pessoas ligadas à assistência social. Basta percorrer alguns pontos movimentados da cidade, em qualquer hora do dia, para que se note o aumento expressivo dos andarilhos. O problema, sabe-se, é de difícil solução, pois envolve o direito inalienável do ser humano de se deslocar livremente.

Mas é evidente que muito se pode fazer para diminuir o número de moradores de rua – ou melhorar as suas condições de vida. Cadastramento dos indivíduos, diálogo e acompanhamento psicossocial são maneiras de se devolver alguma dignidade a quem escolheu perambular pelas vias e logradouros públicos, em Santo André, noutras cidades do Grande ABC ou em qualquer parte do mundo. Abandoná-los, estigmatizá-los ou marginalizá-los não vai ajudar a solucionar a questão, além de ser condenável moralmente. A situação está recrudescendo, como deixa claro o segundo ataque similar registrado em território andreense em intervalo de meses. É hora de agir. Antes que mais vítimas apareçam.




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