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Preço da gasolina varia 85 vezes em 128 dias

Na região, combustível aumentou 27,4% no período, devido à política de reajustes da Petrobras

Gabriel Russini
Especial para o Diário
01/12/2017 | 07:21
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Nario Barbosa/DGABC


Os preços dos combustíveis no Grande ABC não param de subir. O motivo, de acordo com revendedores locais, é a política adotada pela Petrobras desde julho, que visa balizar os valores praticados no País com os verificados no mercado internacional e faz com que os preços flutuem semanalmente. Conforme levantamento do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do ABCDMRR) com base em dados da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e da própria estatal, entre 4 de julho e 9 de novembro houve 85 variações na gasolina e 87 no diesel. Nesses 128 dias foram acumuladas altas de 27,4% e 25,8%, respectivamente.

Hoje, para se ter ideia, o custo médio do litro da gasolina na região gira em torno de R$ 3,78, enquanto que, em julho, estava em R$ 3,31, diferença de R$ 0,47. O diesel, que hoje sai por R$ 3,21, custava R$ 2,87, ou R$ 0,34 menos. E mesmo o etanol, que não é regulado pela Petrobras, também variou, R$ 0,37, de R$ 2,27 para R$ 2,64.

A equipe do Diário percorreu ontem alguns postos de combustível na região para verificar impressões dos consumidores que precisam do carro no dia a dia. Segundo alguns frentistas, o movimento nos postos vem diminuindo, pois as pessoas estão mais cautelosas ao encher o tanque.

O taxista Anderson Sol, 35 anos, substituiu o uso dos combustíveis tradicionais pelo GNV (Gás Natural Veicular) por conta da alta rodagem diária e dos preços nas alturas. “(Sobre os preços dos combustíveis) Não dá, estamos quase chegando em um ponto de pagar para trabalhar.”

Quem adotou a mesma tática foi Marcio Batista da Silva, 36, taxista desde 2003. “É um absurdo, totalmente inviável. Como motorista, que precisa abastecer frequentemente, fico chocado com essas altas constantes.”

Já o publicitário Marcio Borges de Carvalho, 42, se arrependeu ao abastecer o carro com etanol. “Eu nem sabia que a gasolina tinha rendimento melhor”, disse. No entanto, ao calcular a média dos preços praticados na região, e multiplicar o custo da gasolina, de R$ 3,78, por 70% (e equivaler ao rendimento do etanol), tem-se R$ 2,64, exatamente o valor do renovável. Significa dizer que, até esse valor, vale a pena abastecer com etanol.

Para o professor de Educação Física Junior Gonçalves, 37, no entanto, não há outra opção. “O meu carro só anda com gasolina, o combustível mais caro por sinal. Não sei o que fazer”, desabafou.

DEFESA - “É insustentável (política de preços da Petrobras). Queremos deixar claro que esta enxurrada de reajustes parte da Petrobras, que repassa aos distribuidores e só depois chega nos postos. Ficamos de mãos atadas”, assinalou Wagner Souza, presidente do Regran.

De acordo com a entidade, a região conta com cerca de 420 postos de combustível que, ao todo, geram 6.300 empregos diretos e outros 19 mil indiretos. “Não suportamos mais ser culpados por preços que não temos o controle. Somos geradores de empregos e renda”, defendeu Souza.

Ainda segundo ele, no caso do etanol, que não tem custo regulado pela Petrobras, a alta nos preços se deve ao aumento nas alíquotas de PIS/Cofins, anunciadas pelo governo do presidente Michel Temer (PMDB) em julho, que acabaram impactando custo. “Acredito que o objetivo é deixar todos competitivos e evitar maior migração para um só combustível.”

TRIBUTOS - De acordo com o estudo do Regran, no Estado de São Paulo, 46,7% do valor pago pelo consumidor final no litro da gasolina são impostos. Isso significa que, na prática, quando o consumidor enche o tanque do carro e desembolsa R$ 100, quase a metade do montante (R$ 46,70), é apenas tributo. Não fossem eles, o valor a ser pago seria de R$ 53,30. 




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