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Acidentes e obra
param a Anchieta
Fábio Munhoz
Maíra Sanches
06/10/2011 | 07:30
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Lentidão, sirenes, faixas interditadas e acidentes. Essa foi a realidade encontrada ontem por quem utilizou a Rodovia Anchieta. O sistema de estradas que liga a Capital à Baixada Santista foi palco do segundo grande acidente em menos de três semanas. No dia 15, 103 veículos se envolveram em engavetamento na Imigrantes, por causa da forte neblina. Uma pessoa morreu e 52 ficaram feridas.

Ontem, o caos teve início por volta das 9h30, quando dez veículos se envolveram em engavetamento no Km 42 da pista Sul. Um caminhão que descia a serra perdeu o freio e atingiu uma van. Sem controle, continuou em movimento, sendo parado após atingir outros oito veículos.

Dez pessoas ficaram feridas, sendo uma vítima fatal. Passageira de um Corsa preto, Marisa Aparecida Coronado, 53 anos, ficou presa entre as ferragens e morreu no local. O carro, que era guiado pelo marido, foi atingido pelo caminhão. O motorista sofreu ferimentos leves e recebeu alta.

"Eu estava descendo pela pista da esquerda, quando vi que o tráfego estava parando. Nisso, olhei pelo retrovisor e vi o caminhão vindo em alta velocidade", contou o motorista Carlos Ferreira dos Santos, 31, que dirigia uma van atingida.

Antônio José de Oliveira Junior, 24 anos, foi levado pelo helicóptero Águia ao Hospital Mário Covas, em Santo André, com fratura exposta na tíbia esquerda e passou por cirurgia. Ele não corre risco de morrer.

Outros três feridos foram levados para o Centro Referência Emergência Internação de São Vicente. Todos estão fora de perigo. Quatro pessoas sofreram ferimentos leves.

Mais tarde, por volta de 13h30, uma carreta capotou no Km 23, também no sentido Litoral. Segundo a Polícia Rodoviária, o acidente ocorreu após o motorista perder o controle da direção. Ninguém ficou ferido. O condutor, Everaldo Souza Santos, 37, afirma que um carro reduziu a velocidade de forma repentina na sua frente, o que provocou a frenagem brusca. Testemunhas confirmaram a informação. O motorista será multado, pois os tacógrafos - que registram o histórico de velocidade - estavam vencidos.

A pista Sul só foi liberada após seis horas do primeiro acidente. A chegada à região também foi prejudicada por obras da Ecovias no Riacho Grande, que provocaram lentidão entre o Km 28 e o Km 30.

 

Caminhoneiro está preso por homicídio 

O motorista Luiz Antônio Siqueira, 42 anos, que dirigia o caminhão que perdeu o freio na Rodovia Anchieta, foi preso na tarde de ontem por homicídio culposo e lesão corporal culposa. O caminhoneiro tem quatro passagens pela polícia. Ele responde por crimes de lesão corporal, receptação e apropriação indébita.

A delegada Kátia Regina Cristofaro Martins, do 4º Distrito Policial de São Bernardo, explica que só é possível arbitrar fiança em crimes cuja pena máxima não ultrapasse quatro anos. Somadas, as duas penalidades ultrapassam o tempo limite.

Outro agravante é o fato de o motorista estar em alta velocidade no momento do acidente. Segundo a delegada, o tacógrafo registrava velocidade entre 90 e 100 km/h - no trecho, o limite era de 50 km/h. Kátia acrescenta que Siqueira trafegava pela pista da esquerda, o que é proibido.

O ajudante do motorista, Alvacir Carlos Ferreira, 32, conta que, ao perceber que o freio não funcionava, Siqueira tentou jogar o caminhão na área de escape, a cerca de 50 metros do local, mas não conseguiu. "Na hora eu falei: ‘Vamos morrer, vou pular', e em seguida pulei", relata. Na queda, Alvacir teve ferimentos no pé e no braço.

No momento do acidente, o tempo era ensolarado e a visibilidade era boa. Apesar de o trecho já ser de serra, o local é uma linha reta, com aproximadamente 700 metros de extensão.

 

Especialista vê falhas em painel eletrônico informativo 

A informação contida nos painéis eletrônicos distribuídos pelo Sistema Anchieta-Imigrantes exerce função ineficiente quanto a evitar engarrafamentos causados por acidentes, avalia especialista.

A poucos metros de alguma tragédia, a única opção dos motoristas é esperar a liberação da pista. Enquanto isso, filas se formam rapidamente e atrapalham o tráfego dos motoristas desavisados, o que fatalmente bloqueia a circulação de carros em outras vias importantes da região.

"É preciso dar mais informação aos usuários. Se eles fossem avisados de forma antecipada sobre a obstrução na via, com certeza dariam jeito de sair da via na primeira entrada. Tem tecnologia, mas falta coordenação", avaliou o consultor de tráfego e transporte e integrante do Fórum Consultivo do Departamento Nacional de Trânsito Humberto Pullin.

A imprudência e negligência no trânsito por parte dos motoristas também são apontadas pelo especialista como decisivas para ocorrência de acidentes como o de ontem. "Esses engavetamentos acontecem porque as pessoas não mantêm a distância segura do veículo da frente, e daí surge o efeito dominó. As pessoas vivem sob o risco e na ansiedade de ultrapassar." Segundo Pullin, o ideal é manter distância de 30 metros do veículo da frente e 50 em dias chuvosos.

Procurada, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado informou que, a partir do material enviado pela Ecovias sobre o engavetamento de 15 de setembro, novas propostas de mudanças operacionais estão sendo analisadas.

 

Intervenção no sentido Capital agrava trânsito no sistema 

A obra para construção de acostamento na Rodovia Anchieta, na ponte sobre a Represa Billings, em São Bernardo, tem piorado o congestionamento na Via Anchieta, principalmente em horários de pico. Com o engavetamento no Km 47 na pista que leva ao Litoral, na manhã de ontem, o caos ficou completo. À tarde, o congestionamento chegou a dois quilômetros.

A intervenção, que começou em julho, deve ser concluída no dia 30 de dezembro. A obra está sendo realizada no trecho de 100 metros do Km 28 da pista Norte da rodovia.

Segundo a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes, o objetivo é adequar o trecho, que possui duas faixas, à configuração de todo o quilômetro, que conta com acostamento em toda a extensão. O investimento é de R$ 4,5 milhões. O objetivo é dar mais segurança aos usuários e fluidez ao tráfego.




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