O porta-voz desse “novo” rap é o MC Parteum, cuja história de vida já é diferente da maioria dos rappers brasileiros. Cursou Publicidade na Faculdade Cásper Líbero até o terceiro ano, tem inglês fluente, morou nos Estados Unidos de 1995 a 2000 (quando trabalhava em uma distribuidora de peças de skate) e é um skatista que entrou três vezes na lista dos 20 melhores do país.
Agora, Parteum e os colegas estão dispostos a arejar o rap nacional. “Rappin’ Hood, D2, Racionais, Xis, todos eles criaram a demanda pelo rap, mas agora ninguém pode duplicar o que está feito. O Brasil tem essa mania de monocultura. É preciso descobrir como se faz um novo rap”, afirma Parteum.
O caminho, o Mzuri Sana já escolheu. Para fazer Bairros Cidades Estrelas Constelações, o grupo criou as bases no estúdio caseiro de Parteum. Secreto criou alguns riffs de guitarra, que Parteum sampleou depois. “Rap também é música”, diz.
Nas letras, esmero e citações a Franz Kafka, Nelson Rodrigues e outros. Nada de narrar cenas de policiais subindo o morro ou “pipocos” pelos cantos da favela. A mensagem é otimista, uma receita que pode agradar até os menos afeitos ao gênero. “Não tem essa de que fulano não merece ouvir rap. Não há como controlar isso”, diz Parteum.
O MC ainda se comunica com outra tribo que a princípio nada tem a ver com o hip hop: os skatistas. “Aprendi a andar de skate no Paço Municipal de São Bernardo. Skate e rap têm a ver. Os dois são urbanos e pregam a liberdade”, diz.
Mzuri Sana é, enfim, “bom de coração”, como diz seu nome, traduzido do dialeto africano swahili. E é bom de rap também. Tanto que é o atual indicado para o Prêmio Hutus como grupo revelação do ano.
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