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Exposição mostra 'A Arte Egípcia no Tempo dos Faraós'
Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
01/05/2001 | 18:52
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Volte ao passado sem precisar da cinematográfica máquina do tempo com uma visita à Faap (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo. Os dois espaços expositivos da instituição estão tomados pela mostra A Arte Egípcia no Tempo dos Faraós, composta por 56 peças datadas de antes de Cristo, uma reprodução da tumba do artesão Sennedjen e atividades didáticas. A exposição abre hoje e a entrada é franca.

A figura humana é a temática principal das peças, elaboradas em diversos materiais, como mármore, calcário e madeira. Elas integram o acervo do Departamento de Antiguidades Egípcias do Museu do Louvre, França, seção da qual Geneviève Pierrat-Bonnefois é conservadora-chefe. Com curadoria artística da própria Geneviève, as peças estão expostas no MAB (Museu de Arte Brasileira). Muitas estátuas, estelas (espécie de coluna), invólucro de múmia, sarcófago com quase dois metros de altura, esfinge e mesa de oferendas são alguns exemplos do que pode ser apreciado.

Para que essas peças fossem mostradas no Brasil, a Faap investiu US$ 150 mil e negociou durante três anos com o Louvre. Concessões para a redução dos custos da mostra foram feitas pelo museu francês por se tratar de uma exposição com entrada franca e realizada em uma fundação voltada à educação. As negociações por parte da Faap foram encabeçadas por Celita Procópio de Carvalho, presidente do conselho da instituição. Segundo ela, se não houvessem as deferências por parte do Louvre, o custo estimado do evento seria de US$ 3 milhões.

Porém, antes de se deliciar com a peculiar estética e os mistérios que envolvem as peças produzidas no Egito faraônico ao longo de seus três mil anos de história (anteriores ao início da Era Cristã), a dica é passar pelo Salão Cultural, onde haverá a exibição diária de vídeos: O Egito e as Cidades dos Faraós, O Sentido da Arte no Antigo Egito e um making of sobre o processo de montagem da réplica da tumba de Sennedjen.

Vale dizer que tanto o MAB como o Salão Cultural estão devidamente caracterizados para receber a mostra. Os espaços foram reconfigurados para o período em que a exposição fica em cartaz – até 22 de julho. O trabalho leva a assinatura do engenheiro Claudio Helu.

No Salão Cultural, os visitantes também poderão jogar videogame. Doze computadores disponibilizam o jogo Egito 1156 a.C., O Enigma da Tumba Real, que tem características didáticas, apresentando imagens e descrições de templos e faraós, por exemplo.

Continuando a visitação no Salão, leia os textos e veja as fotografias da tumba original de Sennedjen, que teve sua construção concluída em 1279 a.C., sendo encontrada em 1886. A tumba fica na cidade de Lúxor, no Egito. As informações apresentadas tornam a visitação muito mais produtiva.

Passadas as etapas educativas, o visitante já estará pronto para adentrar a réplica da tumba. Feito isso, a sensação é de estar no Egito. A reprodução conta com detalhes da tumba original, como trincas e partes deterioradas da pintura. Lá dentro, o clima é de sonho.

Por fim, conforme o roteiro sugerido, chega a hora de apreciar as peças vindas do Louvre. Traçado todo o caminho proposto, a sensação final é de deleite e de certeza de ter apreciado um evento único e imperdível.

Religião – Para a tradição e cultura egípcias, o valor de peças como as expostas no MAB está longe de ser estético. Em texto para o catálogo da mostra, a curadora artística Geneviève escreve que “os fundamentos do ato artístico encontram-se fora das preocupações estéticas em si mesmas: eles se situam na esfera das crenças relativas aos mortos e aos deuses – portanto, no mundo sobrenatural”. A curadora continua afirmando que “a expressão formal é um modo de expressão do divino que basta a si mesmo”. Ela ainda destaca a característica política de determinadas criações: “Nos templos são inscritos os grandes feitos do soberano”.




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