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Opera multimídia 'Rei Brasil' estréia em Salvador
Do Diário do Grande ABC
10/05/2000 | 17:44
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A ópera "Rei Brasil, 500 anos - Uma Odisséia Tropical", celebraçao multimídia da descoberta de Pindorama, preparada pelo poeta Capinan, pelo compositor Fernando Cerqueira e pelo professor Paulo Dourado, da Universidade Federal da Bahia, estréia sexta-feira, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. O espetáculo, patrocinado pela Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, fica em cartaz somente até terça-feira.

A princípio, "Rei Brasil" seria uma missa. A idéia de desenvolver um espetáculo, tendo como argumento o Descobrimento, surgiu a partir do questionamento sobre a participaçao da Escola de Música, e por extensao, da área de artes da Universidade Federal da Bahia, na programaçao oficial dos 500 anos. Para isso, a Universidade Federal de Música da Bahia convidou Capinan e Cerqueira. A idéia evoluiu e tornou-se um espetáculo popular multimídia, com base em um libreto, feito por Capinan, composiçoes de Cerqueira e encenaçao de Dourado, que estao envolvidos há mais de um ano no trabalho.

A história se passa num desfile de escola de samba, que narra a histórica viagem de Pedro Alvares Cabral, desde o Tejo em Lisboa até o Monte Pascoal, com a descoberta do Brasil, em 22 de abril de 1500. Um menino de rua, Brasil, deseja participar do desfile, representando Peri, para fazer par romântico da ópera "Il Guarani" com Ceci. O garoto rouba o ponteiro do relógio 2000, que marca a contagem regressiva das comemoraçoes do evento histórico, provocando uma viagem descontínua no tempo para diversos momentos da história brasileira e do mundo. Brasil, no entanto, encontra o passado e deseja transformá-lo, rezando e pedindo pelo futuro do País na Primeira Missa, celebrada em Coroa Vermelha.

Para discutir a celebraçao dos 500 anos, eles focalizaram o eixo da narrativa em quatro conceitos básicos: memória, reflexao, profecia e promessa. Todos eles foram tratados na ópera. Os personagens históricos entram em cena num apoteótico enredo de um desfile de escola de samba, trazidos por uma marujada. Por meio de múltiplos recursos de expressao, como blocos de percussao, música erudita e balé, os episódios dramáticos se deslocam no tempo, permitindo uma vivência coletiva da data épica em diversos instantes da história contemporânea.

O texto da ópera é construído por cheganças, carnavais, missas, rituais de índios e negros, poemas, cançoes e mergulha nos mitos do inconsciente coletivo. A música utiliza toda a diversidade de recursos sonoros e gêneros musicais, pois foi feita a fim de revelar e ressaltar toda a riqueza sonora que há no País. Para buscar no passado signos que fazem um paralelo com a atualidade, provocando uma reflexao do que somos hoje, a ópera tem também o elenco formado por 13 atores e 12 bailarinos, os cenários e figurinos criados por J.C. Serroni e a participaçao especial de Regina Dourado. Tom Zé, Gerônimo e Roberto Mendes criaram algumas músicas do espetáculo.

O orçamento previsto foi de R$ 1,5 milhao. No entanto, a obra foi feita com R$ 500.000, o que nao prejudicou a sua realizaçao cuidadosa. Porém, a ópera precisa ainda de verba para que pessoas de outros locais do país assistam a essa celebraçao.




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