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Filme peruano 'Pantaleon' vence o Festival de Gramado
Alessandro Soares
Enviado a Gramado
06/08/2000 | 20:23
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Os favoritos venceram em noite de poucas surpresas na cerimônia de premiaçao do 28º Festival de Gramado - Cinema Latino e Brasileiro, ocorrida neste sábado. O peruano Pantaleón y Las Visitadoras foi o grande destaque, com sete estatuetas Kikito. Apesar disso, o recordista em prêmios em Gramado ainda é Stelinha (1990), de Miguel Faria Jr., com 11 Kikito. O festival optou pelo gosto popular de um filme latino-americano e deixou de lado a ousadia criativa de Estorvo. O andreense Paulo Sacramento ganhou um Kikito de melhor montagem pelo curta-metragem Tepê.

Pantaleón, de Francisco Lombardi, sai consagrado de Gramado e enche a bagagem do produtor argentino Alexander Karcowicz, único representante do filme no festival: melhor filme, diretor, júri popular/filme latino, ator (Salvador Del Solar), roteiro (Giovana Polarolo e Henrique Moncloa), montagem (Danielli Fillios) e prêmio da crítica. O filme deve entrar em cartaz no Brasil em outubro ou novembro.

A cerimônia, que começou com atraso de 40 minutos, lotou o Cine Embaixador, no Palácio dos Festivais. Enquanto a temperatura caía do lado de fora, dentro acontecia a apresentaçao de dois filmes exibidos em Cannes este ano. O longa Eu, Tu, Eles, de Andrucha Waddington, e o curta gaúcho Três Minutos, de Ana Luiza Azevedo. Regina Casé anunciou as premiaçoes principais de diretor e filme.

O júri fez duas surpresas. A primeira foi a inclusao das categorias ator e atriz coadjuvantes, nao presentes no ano passado. Foram premiados Lidia Mattos, por Eu Nao Conhecia Tururu, e Ulisses Dumont do bom filme argentino El Mismo Amor, la Misma Lluvia.

Na premiaçao de atriz, outra surpresa: a divisao do prêmio entre a aplaudidíssima cubana Deisy Granados (Las Profecias de Amanda) favorita desde o início junto com a mexicana Dolores Heredia, e Maria Zilda Bethelem, de Eu Nao Conhecia Tururu. Deisy recebeu seu Kikito quase aos prantos e, no agradecimento, gritou "gracias a Cuba, gracias a Brasil". Já o anúncio do prêmio para Maria Zilda provocou as únicas vaias. Um estranhamento total do público, já que o filme "feminino" de Florinda Bolkan, nao é eficiente para contar a história de quatro irmas e seus problemas com a mae.

Estorvo foi a maior polêmica do festival. Suas duas unanimidades, fotografia (Marcelo Durst) e trilha sonora (Egberto Gismonti), bateram com a opiniao dos jurados. Ruy Guerra, porém, merecia o prêmio de diretor pela ousadia de fazer cinema, mesmo na contramao da tendência de se buscar o gosto popular. Fato este conseguido por Pantaleón, que deu a Francisco Lombardi o título de melhor diretor. Lombardi é diretor de bons filmes, mas nunca ganhou nada em Gramado e, desta vez, levou sete Kikito. Santitos, que chegou com pinta de favorito, levou somente por direçao de arte.

A premiaçao de Quase Nada, de Sérgio Rezende, como melhor filme brasileiro pelo júri popular se deu por eliminaçao, já que, ao contrário de Eu Nao Conhecia Tururu e Estorvo, os outros concorrentes brasileiros nao tiveram simpatia popular. Quase Nada tem estréia prevista para 1º de setembro.

Durante o festival, falou-se muito em uma maior participaçao da TV na exibiçao de filmes brasileiros e sobre regulamentar a distribuiçao no mercado nacional, incluindo aí os curtas-metragens, em detrimento dos filmes estrangeiros. Resta saber se estas discussoes surtirao efeito.




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