Setecidades Titulo Ocupação em São Bernardo
Integrante do MTST é baleado

Audinei Serapião da Silva foi atingido no braço
por disparo de arma de fogo na tarde de ontem

Natália Fernandjes
Do DIário do Grande ABC
17/09/2017 | 08:29
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Montagem/DGABC


Um integrante da ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) no bairro Assunção, em São Bernardo, foi atingido no braço esquerdo por disparo de arma de fogo na tarde de ontem. Audinei Serapião da Silva foi socorrido por equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhado para o PS (Pronto-Socorro) Central do município. A ocorrência foi registrada no 3º DP (Assunção), onde o caso será investigado.

Lideranças do MTST enfatizam que o disparo que acertou o integrante do movimento partiu de um dos condomínios residenciais localizados no entorno do terreno privado ocupado desde o dia 2. Em vídeo publicado na página oficial do grupo no Facebook, o coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos, classifica o episódio como “ataque fascista”. “Se pensam que vão fazer, com isso, o MTST retroceder, recuar, que vão intimidar a luta por moradia, estão profundamente enganados. A Ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo não vai recuar um único passo por conta destas atitudes fascistas, intolerantes e criminosas dos ‘cidadãos de bem’. A ocupação é uma luta legítima por moradia e por um direito social”, ressalta. Em resposta ao ocorrido, o MTST convocou ato de apoio à ocupação para hoje, a partir das 17h.

Já o MCI (Movimento Contra a Invasão), que representa cerca de 10 mil moradores dos condomínios localizados no entorno do acampamento do MTST, salientou que o ocorrido se passou dentro do terreno invadido pelo movimento social, gerado em meio a uma festa. “O MCI defende a investigação dos fatos pela Polícia Civil. Todos os ocorridos dentro do terreno invadido são de responsabilidade do líder do MTST, Guilherme Boulos, que deve assumir o risco”. Na tarde de ontem, o acampamento foi palco de evento denominado Ocuparte Sem Medo, uma batalha de rap promovida por rappers do Grande ABC.

A Prefeitura de São Bernardo informou que o paciente foi avaliado por cirurgião geral do PS Central, que constatou que o ferimento de bala não atingiu ossos ou vasos sanguíneos. O homem passou por procedimento para retirada do projétil e segue internado para observação até a manhã de hoje.

IMPASSE

Sem acordo entre as partes a respeito do terreno – ocupado por cerca de 7.000 pessoas – apesar de ter ocorrido audiência de conciliação na sexta-feira, o desfecho do imbróglio sobre a ocupação aguarda julgamento de liminar pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), que suspendeu reintegração de posse autorizada pela Justiça de São Bernardo.

Enquanto o MTST alega que o terreno privado está abandonado há 40 anos, a Prefeitura diz que não concorda com este modelo de invasão por moradia, que vai contra a sua política habitacional.

Moradores prometem ingressar na Justiça

Grupo de moradores de condomínios localizados na Avenida Dom Jaime de Barros Câmara, em São Bernardo, promete entrar com representação na Justiça, na segunda-feira, contra a ocupação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) em terreno privado no bairro Assunção desde o dia 2. O denominado MCI (Movimento Contra Invasão em São Bernardo) reivindica a reintegração de posse da área pertencente à MZM, suspensa pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) na sexta-feira, tendo em vista os transtornos após a invasão, como barulho e insegurança.

A insatisfação foi destacada em protesto, realizado na manhã de ontem, com duração de cerca de 1h30. Segundo lideranças do MCI, 2.000 pessoas compareceram. Já a PM (Polícia Militar), que acompanhou o ato ao lado da GCM (Guarda Civil Municipal) e de agentes de trânsito, contabilizou 1.200 manifestantes na ação, que bloqueou trecho da Avenida Dom Jaime de Barros Câmara. Os moradores, auxiliados por carro de som, carregavam faixas com frases do tipo “Teto sim, invasão não”, e usavam, cornetas, apitos e panelas para fazer barulho.

“Estamos incomodados e não só com o barulho. A gente vê crianças do acampamento nos semáforos pedindo dinheiro”, destaca a advogada Walkiria Azevedo, 72 anos. “Sempre foi um bairro tranquilo. A gente teme pela segurança das nossas crianças”, completa a aposentada Cecilia Mariana, 74. 

O movimento, que nasceu “às pressas na sexta-feira”, conforme organizadores, é formado por síndicos dos condomínios do bairro, além de três advogados. Ao todo, eles representam 10 mil moradores, destaca Marcelo Mendes Vicente. “O TJ precisa enxergar o lado dos moradores. Estamos unidos e não vamos parar por aqui. Se preciso, vamos parar o Paço, a Anchieta”, promete. 




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