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Inflação acumulada no ano atinge 1,62%, a menor da série histórica

Em agosto, o índice alcançou 0,19%, mais baixo para o mês desde 2010

Flavia Kurotori
Especial para o Diário
07/09/2017 | 07:17
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ABr


O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial da inflação do País, acumulou 1,62% neste ano até agosto. O percentual é o menor para os oito primeiros meses de um ano desde 1994, quando o Plano Real foi implantado, e teve início a série histórica. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar da marca, especialistas dizem que o resultado é bom, mas que não decorre de queda nos preços, e sim do fato de o consumidor ter colocado o pé no freio do consumo. “O número é resultado da baixa atividade econômica do País”, pontua o economista da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) George Sales.

“Em razão da baixa expectativa de melhora na economia, as pessoas estão cautelosas com os gastos”, completa o professor da Escola de Negócios da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Volney Gouveia.

Em agosto, o IPCA avançou 0,19% ante julho e atingiu menor resultado para o mês desde 2010. Sales explica que o indicador só não deflacionou por conta da alta de 1,53% do setor de transportes, impulsionada pelo encarecimento da ordem de 6,67% dos combustíveis. No mês passado, houve aumento da alíquota do PIS/Cofins e altas diárias nos valores de gasolina e diesel por conta da nova política de reajuste de preços da Petrobras.

O grupo dos alimentos variou negativamente em 1,07%, devido à supersafra resultante do clima favorável ao cultivo. Porém, Sales pondera que o furacão Harvey, que assolou parte dos Estados Unidos, já afetou o valor dos combustíveis e, nas próximas semanas, também pode afetar o dos alimentos. “Se os norte-americanos sofrerem com a falta de alimentos e o Brasil aumentar a exportação, a oferta interna irá diminuir, e poderá aumentar o custo ao consumidor.”

Nos 12 meses encerrados em agosto, a inflação está em 2,46%, contra 2,71% em julho. Para Gouveia, a queda do IPCA põe a economia em ritmo lento de melhora, além de desestabilizar o mercado, derrubar o PIB (Produto Interno Bruto) e a arrecadação, piorando o deficit das contas da União. “Precisamos manter o IPCA até atingirmos patamar civilizado.” Sales acredita que a meta de inflação divulgada pelo Banco Central, de 4,5% ao ano, não será atingida. “Ficará entre 2,5% e 3%, e isso atrapalha a economia”, afirma. “Em uma empresa em que os planejamentos são feitos a longo prazo pode afetar contratos de importação.”
 




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