Memória Titulo História
Feliz, lá vai o menino...
Ademir Medici
16/08/2017 | 07:00
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 A felicidade de ter editado o primeiro livro – mesmo com a ferrenha oposição de setores de São Caetano. As férias na Cerâmica São Caetano e uma louca – e importante – viagem de trem pela América Latina. A escolha vocacional: ser professor.

Nesta 2ª Semana São Caetano 2017, o nosso convidado, professor José de Souza Martins, relaciona novas e comoventes histórias.

 

Fome nas férias.

E uma pneumonia

Texto: José de Souza Martins – 4

 

Pouco depois do lançamento do livro – São Caetano do Sul em IV Séculos de História, de 1957 – ingressei no Curso Normal do Instituto de Educação ‘Dr. Américo Brasiliense’, de Santo André. Ali, duas professoras muito competentes, professora Margarida Amyr Silva e professora Aracy Ferreira Leite, me ensinaram, com rigor, os caminhos não só da pesquisa, profissionalmente feita, mas também os da interpretação: história não é nem pode ser apenas coleção de dados velhos. Sem teoria e interpretação teórica não é nada.

Devo a todas essas pessoas – além das professoras, os nomes citados anteriormente – o apoio e o reconhecimento de que eu podia fazer o que fiz. Aprendi com elas a aprender e a ensinar, como professor e autor.

Muitas fotos foram feitas na época do lançamento do livro. Não tenho nenhuma. Tenho esta, de 1960, quando aluno no ‘Américo Brasiliense’, ainda com cara de ‘menor de idade’.

 

América profunda.

E um novo projeto.

Escreva este livro, Martins

 

Em janeiro de 1958, tirei férias na fábrica e, pelo fato de ter escrito e publicado o livro, dei-me de presente uma louca viagem de trem. Embarquei na Estação Luz, no dia 4, um sábado, no trem da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, no trem das 12h05, da até Bauru. Depois, no noturno da Estrada Noroeste do Brasil, e comecei uma longa travessia ferroviária da América do Sul.

Atravessei o Estado de São Paulo ainda coberto de cafezais, atravessei o Mato Grosso, vi o Pantanal, e três dias depois fui dormir num velho hotel de Corumbá, à beira do belo Rio Paraguai, fronteira com a Bolívia.

Dias mais tarde, embarquei num trem do recém-inaugurado Ferrocarril Brasil-Bolívia. Atravessei aquele país e fui até Tiahuanaco, além de La Paz, lugar de uma civilização pré-incaica, próximo ao Lago Titicaca e fronteira com o Peru. Dali, iniciaria a viagem de volta.

O dinheiro minguando pelo caminho. Em Cochabamba, só tive recursos para dormir numa pensão de quinta categoria: numa cama de casal para nove pessoas, atravessadas para caberem todas. As outras eram de oito índios que só falavam quíchua, num quarto sem porta, a temperatura baixíssima dos Andes e o cheiro da privada entupida, e também sem porta, atormentando só a mim. Os outros ferraram no sono.

Chegaria a São Caetano no dia 25 de janeiro, à noite, com pneumonia. Nos últimos dias da viagem, minhas refeições haviam sido média de café com leite e pão com manteiga. O dinheiro tinha acabado. Eu descobrira a América profunda.

Pretendia escrever meu segundo livro com a narrativa dessa viagem. Não o fiz. Virou causo para contar em rodas de amigos.

 

SEMANA GUIDO FIDELIS DE LITERATURA

Há três anos, nesta data, falecia em São Paulo o escritor, jornalista e advogado Guido Fidelis. O moço de Altinópolis fez a vida no Grande ABC. Sua obra é vasta. E uma das primeiras atividades foi trabalhar no rádio local, inclusive escrevendo novelas – famosas à época no rádio como um todo –, chegando a participar como intérprete.

A Semana Guido Fidelis de Literatura, que se realiza na Câmara Municipal de Santo André – iniciativa do vereador Alemão Duarte –, segue até sexta-feira e é uma justa homenagem ao saudoso Guido.

No saguão do Legislativo estão expostos vários livros escritos por autores regionais. Vale uma visita.

 

Diário há 30 anos

Domingo, 16 de agosto de 1987 – ano 30, edição 6522

Manchete – Indústria ameaça parar a produção de medicamentos, por meio da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica. Motivo: o CIP (Conselho Interministerial de Preços) retarda o reajuste solicitado

Editorial –É preciso mais do que só dar nomes aos marajás

Joaquim Alessi – Marajás (estaduais), mais do que super-salários.

Mauá – Retificação e canalização do Córrego Capitão João beneficiam Damo e Grecco.

Sete sócios adquirem a área do antigo Curtume Mauá, no Centro da cidade. Dizia-se: ali seria construído um shopping Center (hoje realidade) e que as obras da Prefeitura junto ao córrego beneficiariam o prefeito Leonel Damo e o deputado federal José Carlos Grecco.

 

Santos do Dia

São Roque (França, Montpellier, 1295-1327). Peregrinou por Roma e outras cidades italianas. Enfrentou pestes. Atendeu aos que o procuravam. É representado com um cachorro ou como

um peregrino usando capa, chapéu, botas e, às vezes, segurando um cajado.

Como protetor dos cães,

ele é mostrado com o

cachorro lambendo suas feridas. Na cidade de

São Roque, em São Paulo, encontra-se a principal Igreja consagrada ao santo no Brasil.

Estevão da Hungria.

 

Municípios Brasileiros

Celebram seus aniversários em 16 de agosto:

No Espírito Santo, Apiacá

No Ceará, Araçoiaba

Na Bahia, Cairu

Em Minas Grais, Itaobim

No Rio Grande do Sul, Jaguari

Em Santa Catarina, Petrolândia

Em São Paulo, Santa Gertrudes, São Bento do Sapucaí, São Roque, Taquaritinga e Taquarituba

No Piauí, a capital Teresina

 

Em 16 de agosto de...

1917 – Por decreto, o professor Ramilpho Luiz Pereira é nomeado para o Grupo Escolar de São Bernardo; removida a professora Miquilina Gonçalves Pereira, de São Bernardo para o bairro da Liberdade, em São Paulo.

A guerra. Do noticiário do Estadão: ataques de aeroplanos italianos a posições austríacas.

1957 – Fundado o Catequese Futebol Clube, de Santo André.

1972 – Máquinas da Prefeitura de Santo André derrubam o último prédio da área das desapropriações da Rua Catequese, o Bar da Imprensa, entre as ruas das Figueiras e Padre Anchieta.

1977 – Reinaugurado o Museu Histórico Municipal de

São Caetano, com o nome de Museu da Imigração Italiana Oswaldo Samuel Massei.

Nota – Foi o primeiro museu do Grande ABC, criado em 1960, iniciativa de José de Souza Martins, seu primeiro encarregado-conservador, com o apoio do professor Oscar Garbelotto. Nessas viradas ingratas da política, o acervo inicial foi encaixotado e muita coisa boa se perdeu.

1982 – Darvey Dotto falece aos 41 anos. Durante vários anos chefiou o Departamento de Publicidade e Circulação do Diário.

 

AMANHÃ EM MEMÓRIA – Uma crônica Uma lembrança Uma garrafa que é um troféu 




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