Economia Titulo De janeiro a julho
Veículos puxam alta de 15,4% das exportações

Pouco mais de 62% do volume vendido pelo Grande ABC a outros países refere-se a carros e autopeças

Gabriel Russini
Especial para o Diário
06/08/2017 | 07:31
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Agência Brasil


As exportações das empresas do Grande ABC foram ampliadas em 15,4% de janeiro a julho, na comparação com igual período em 2016, totalizando US$ 3,058 bilhões. A alta foi impulsionada especialmente pela venda de veículos e autopeças ao Exterior.

Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) levantados pela equipe do Diário, cerca de 62,4% do que foi exportado pelas companhias da região no acumulado do ano está relacionado ao setor de veículos, autopeças e ferramentas. Ao todo, o comércio exterior de produtos do ramo somaram R$ 1,908 bilhão.

São Bernardo, a mais extensa cidade do Grande ABC e a que possui o maior número de montadoras, cinco (Mercedes-Benz, Ford, Volkswagen, Toyota e Scania) das seis existentes na região, é o município que mais vende a outros países, cerca de 88% desse total, o que corresponde a R$ 1,680 bilhão.

De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), entre janeiro e julho deste ano as exportações de veículos no País atingiram número recorde no período: 439,6 mil unidades foram para outros países. O recorde anterior havia sido registrado em 2005, quando 420 mil carros, caminhões e ônibus saíram do Brasil.

Na avaliação do economista e coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, a expectativa é a de que os números positivos se tornem tendência. “Nós paramos de piorar, e a perspectiva de retomada existe”, assinala. Apesar da boa notícia, o especialista também fez um alerta. “A indústria automobilística precisa começar a se repensar, porque vai chegar um momento em que as pessoas não vão mais querer comprar carros”, diz, referindo-se ao fato dos altos custos de obtenção e manutenção dos veículos, ao mesmo tempo em que se tem o crescimento de alternativas aos tradicionais serviço de táxi e transporte público coletivo.

Questionado a respeito do decreto do governo argentino que visa desacelerar as compras de carros do mercado brasileiro, Balistiero acredita que o “atrito” será resolvido rapidamente. “A Argentina precisa do Brasil e vice-versa, a ação é de caráter político”, avalia. O país vizinho é o principal parceiro comercial do Grande ABC. Nos primeiros sete meses de 2017, os hermanos gastaram US$ 1,257 bilhão no mercado regional, alta de 10% na comparação com 2016, quando US$ 1,141 bilhão foi gasto.

Para Sandro Maskio, professor e coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, porém, o decreto pode inibir “um pouco” a trajetória de retomada. “É claro que tem impacto, ainda mais em uma região predominantemente industrial como a nossa.”

Na prática, o governo de Mauricio Macri tem o objetivo de diminuir a importação de carros produzidos em terras tupiniquins. A medida consiste em cobrar garantias das montadoras que excederem o limite das compras externas. Pelo acordo entre os países, as filiais argentinas que importarem acima do limite devem pagar tarifa de 24,5% sobre o veículo extra. Para Balistiero, o acordo vai acabar sendo resolvido em poucos meses de negociação.

Em relação ao atual comportamento exportador do País, Maskio acredita que, mesmo em caso de recuperação econômica interna, o panorama tende a continuar. “O ideal é que tanto as exportações quanto as importações cresçam em conjunto.”


Saldo da balança comercial é 6,76% maior do que em 2016

Entre janeiro e julho deste ano, assim como no mesmo período do ano passado, o valor registrado em exportações foi superior ao verificado em importações, o que gera balança comercial positiva. Para os sete primeiros meses de 2017, o saldo foi de US$ 871 milhões, 6,76% maior do que em 2016, quando foram verificados US$ 815,9 milhões de ‘vantagem’.

Para Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração da Mauá, o panorama econômico da região está em linha com o que ocorre no País, apesar da fraca base de comparação, ao referir ao ano anterior. “Estamos começando a ver uma luz no fim do túnel, a economia está ficando saudável.”

Em 2017, tanto as importações quanto as exportações cresceram. O total vendido ao Exterior passou de US$ 2,649 bilhões para US$ 3,058 bilhões, alta de 15,4%. Já em relação aos produtos comprados, os valores gastos passaram de US$ 1,834 bilhão para US$ 2,187 bilhões, incremento de 19,2%.

A Argentina é o principal mercado externo da região, com US$ 1,257 bilhão. Logo em seguida vêm México (US$ 297,3 mi), Chile (US$ 193,6 mi) e Estados Unidos (US$ 152 mi). Por outro lado, Alemanha (US$ 383,3 mi), China (288,7 mi), Estados Unidos (US$ 207,9 mi) e Argentina (US$ 163 mi) são os principais países com preferência de compra por empresas do Grande ABC. 




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