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Menores bebem à
vontade na região
Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
31/01/2011 | 07:50
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Menores de idade, bebidas alcoólicas e drogas. Esta combinação explosiva está espalhada descaradamente em vários pontos nas cidades de Santo André, São Bernardo e São Caetano, conforme a equipe do Diário flagrou nas noites de sexta-feira e sábado.

Os encontros ocorrem em postos de gasolina, praças públicas, parques, estacionamentos de supermercados, locais abandonados, grandes avenidas e nas portas das baladas. Cada cidade tem o seu perfil. Mas o objetivo da meninada é o mesmo, beber e beber, alguns fumam cigarros, outros narguilé (cachimbo árabe) e uma parte usa maconha.

Eles não se intimidam com a presença de estranhos e curtem tranquilamente. Mas, sem perder o lado infantil, sempre estão comendo salgadinho, bolachas e barras de chocolate. Em nenhum local a reportagem constatou a presença ou abordagem da Polícia Militar, das guardas municipais ou blitz da Lei Seca.

O caso mais impressionante de consumo de drogas e álcool foi em São Bernardo, no antigo Mercado Municipal. O encontro lembrava uma mini-rave (festa ao ar livre), com cerca de 200 participantes, a maioria na faixa dos 15 e 16 anos. Ao som de funk, rock, rap, os jovens bebiam vinho, pinga e vodka. Também tinha quem consumia maconha. Tudo isso a menos de 300 metros do 1º Distrito Policial da cidade e, o mais incrível, na frente do Paço Municipal.

"A polícia expulsou a gente do Paço. Só precisamos atravessar a rua para eles não incomodarem mais", conta Lili, 17 anos. A menina franzina frequenta a região há cinco anos e fala abertamente que o encontro é uma desculpa para beber. "Aqui tem gay, lésbica, punk, funqueiro, alternativo. Nós bebemos, beijamos, outros fumam um (maconha) na boa, sem ninguém para encher o saco", diz a jovem. Um homem, na faixa dos 40, vende bebidas para a galera em uma barraca; o estoque fica no porta-malas do seu carro. Ele parecia um feirante anunciando as bebidas, como cerveja, vinho e pinga.

PORRE DA PESADA
Entre as bebidas prediletas dos adolescentes estão os destilados, na maioria dos casos misturados com refrigerante, e garrafas de vinhos. Em 2009, o Ministério da Saúde fez uma pesquisa com mais de 60 mil alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de 1.453 escolas públicas e privadas e apontou que 27% dos estudantes tinham bebido.

A equipe do Diário presenciou a compra por menores em lojas de conveniência de postos de gasolina na Avenida Goiás, em São Caetano, e na Avenida Faria Lima, em São Bernardo. Um caixa de um posto em frente ao Paço confirmou o problema. "Se não vendemos, eles pedem para outros entrarem aqui e comprar. E lá fora não tem como controlar", conta o homem.

A reportagem observou o consumo dentro da própria loja de conveniência. Uma menina na faixa dos 15 anos, visivelmente embriagada, comia uma trufa de chocolate. Ela parou de comer e disse, em voz alta, para a sua turma. "Nossa, não pode comer, senão passa o barato, né?" Ela guardou na bolsa e comprou mais uma garrafa de bebida.

Para não chamar a atenção dos pais, os menores voltam para casa por volta da meia-noite. "Não pode vacilar em casa. Na hora de entrar tem que disfarçar e correr para a cama", conta Michel, 15, morador de Santo André que, na companhia dos amigos, sempre frequenta o Parque Celso Daniel, à noite.




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