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Ocupação da Billings não tem solução, dizem especialistas
André Vieira
Isis Mastromano Correia
25/03/2009 | 07:38
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Se não dava para comprar a casa própria nem custear um aluguel, a solução era morar longe da região central da cidade.

De olho na crise que atingiu em cheio os mais pobres e os migrantes a partir da década de 1970, grileiros vislumbraram na Represa Billings a área perfeita para levar toda essa gente que não tinha mais como bancar a vida nos centros urbanos da região e lutar contra uma economia estabelecida e mais forte que seus salários.

Mas a problemática de se ter gente morando em uma área que deveria ser de proteção permanente, como é o manancial, só começou a fazer sentido na cabeça das pessoas a partir de 1958, quando a Billings deixou de ser geradora de eletricidade e assumiu a vocação de abastecedora pública. Com isso, a água serviria para beber.

A ocupação ao longo do reservatório se transformou em um quebra-cabeça que especialistas admitem não ter a solução ideal.

Ontem, em seminário realizado pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), especialistas em urbanismo discutiram as vistas grossas do poder público sobre a ocupação da represa ao longo de seus 84 anos. Hoje, moram cerca de 800 mil pessoas no entorno do manancial.

"Se tirar toda essa gente, para onde eles irão? Não dá para pensar em retirar as pessoas sem pensar em programas habitacionais fora dos mananciais", explica Paula Santoro, pesquisadora do Polis (Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais).

Paula acredita que retirar todos os habitantes ao redor da Billings é utopia. Ela aponta que, pelo menos, os trechos produtores de água deveriam ser desabitados.

Para a pesquisadora da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) Luciana Ferrara lei para barrar a posse ilegal de trechos de manancial sempre existiu, o problema é que a legislação não alcança a velocidade das ocupações.

"Agora é difícil reverter pois as pessoas já têm certa infraestrutura de serviços locias", aponta Luciana.

Em São Bernardo, a Prefeitura propôs à Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) que mudasse o traçado do Trecho Sul do Rodoanel para que passe sobre habitações irregulares em torno da Billings em bairros como Areião e Vila Jussara para gerar indenização e, assim, as pessoas deixassem o local. Mas, sem solução habitacional, a tendência é que muitos voltassem para a área de manancial.




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