Setecidades Titulo Educação
MP agenda reunião entre
pais de aluno e professora

Promotora vai apurar denúncia sobre pregações evangélicas
antes das aulas em uma escola estadual no Riacho Grande

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
30/03/2012 | 07:00
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Uma reunião marcada para hoje à tarde, no Fórum de São Bernardo, coloca frente a frente a família do jovem de 15 anos e a professora de História Roseli Tadeu Tavares de Santana. Conforme denúncia dos pais do adolescente, a educadora utilizava até 20 minutos de suas aulas na Escola Estadual Antônio Caputo, no Riacho Grande, para fazer pregações evangélicas aos alunos. Por ser ligado ao candomblé, o garoto não participava da oração e acabou sendo vítima de bullying dos colegas de sala.

O pedido do encontro foi feito pela promotora da Infância e Juventude da cidade, Vera Lúcia Acayaba de Toledo, após o Ministério Público abrir investigação sobre o caso. Além da direção da escola e representantes da Diretoria Regional de Ensino de São Bernardo, estarão presentes órgãos como a assistência social municipal e o Conselho Tutelar.

Líderes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) estiveram na escola, anteontem, para conversar com a diretoria e a professora. Colocaram seu departamento jurídico à disposição para dar auxílio a Roseli.

A Secretaria Estadual da Educação reiterou que não fará comentários sobre o assunto até a conclusão da apuração que está sendo feita. O prazo é de 30 dias, prorrogáveis por mais um mês. A professora poderá continuar a dar aulas, mas, segundo funcionários e alunos da unidade, ontem ela não compareceu à escola.

Roseli é moradora do bairro, dá aulas na unidade há aproximadamente cinco anos e é elogiada pela maioria dos estudantes. Mesmo os que discordam das orações elogiam sua postura como educadora. Atuante, ela organiza diversas atividades extracurriculares de combate ao uso de drogas.

"Adoro a palavra dela. Eu não estava mais acreditando em Deus e ela fez minha fé aumentar", disse uma aluna de 15 anos do 2º ano do Ensino Médio. "Ela fala para a gente pedir perdão, agradecer e colocar nossos desejos na mão do Senhor."

Segundo os colegas de sala do menino, os ataques pessoais foram casos isolados. A intenção dos alunos, funcionários e dos outros professores é apoiar Roseli. "Ninguém é obrigado a orar. Se não gostar de Deus, o problema é da pessoa", disse a aluna. "Ela errou, mas a repercussão que isso ganhou não é merecida. Não é algo negativo", disse um dos professores da Antônio Caputo.

O jovem ofendido continua frequentando a escola e ontem relatou novo caso de bullying entre os colegas. Cansado, o pai, o aposentado Sebastião da Silveira, 64 anos, vai viajar com o garoto por algumas semanas, hoje. "É duro perder aula e não deveria deixá-lo sair da escola, mas não vejo solução. Meu filho corre risco de sofrer agressões físicas", disse.




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