Economia Titulo Sei bolso
Preço da carne pesa menos no orçamento
Alexandre Melo
Do Diário do Grande ABC
30/03/2012 | 07:21
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Claudinei Plaza/DGABC


Para quem aprecia carne bovina, este é um bom momento para comprá-la, pelo menos nos supermercados. Devido à Quaresma, o consumo cai e os preços estão mais baratos do que no início do ano. Na região, os cortes de primeira caíram 5,38% e os de segunda recuaram 3,14%. A tendência é que a estabilidade mantenha-se nas próximas semanas.

O valor médio do quilo do coxão mole é R$ 14,29, mas na primeira semana do ano custava R$ 15,06. Em março do ano passado, o mesmo corte era vendido por R$ 15,40, recuo de 7,2%.

Já o acém, encontrado agora por R$ 9,87, custava R$ 10,19 o quilo em janeiro. Na comparação com março de 2011, quando o corte era vendido por R$ 10,35, a economia é de 4,63%. Os dados são da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

É que nesta época o boi está ideal para o abate e com a oferta maior de produto no mercado interno, o preço tende a cair. "Outra razão é que o câmbio do Brasil está desfavorável quando comparado ao de países produtores como Argentina, Uruguai e Austrália", diz o presidente da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), Péricles Salazar.

Segundo o gerente de produtos da Coop (Cooperativa de Consumo), Gilberto Donizete da Costa, o consumo de carne vermelha cai nesta época do ano, pois muitas famílias ainda mantêm a tradição de não comer esse alimento na Quaresma. "Os frigoríficos afirmam que nas próximas semanas os preços deverão ficar estáveis."

Desde o começo do ano, o preço do coxão mole caiu 13%, ficando com na média de R$ 13,99, na Coop. O acém, entretanto, encareceu 3% neste ano, sendo vendido por R$ 9,85. A dona de casa são-bernardense Eliana Martins, 48 anos, tem percepção diferente sobre o preço do alimento. "Não percebi queda. Sempre pesquiso o preço no supermercado e no açougue antes de comprar."

FRANGO - O diretor-presidente do instituto de pesquisa Fractal, Celso Grisi, lembra que normalmente quando o preço da carne de boi cai, as de porco e ave seguem a mesma tendência. É o que acontece. Pesquisa da Craisa mostra que o quilo do frango resfriado em janeiro custava R$ 4,55, e, agora é vendido por R$ 3,82. A diferença é de 16%.

NO ESTADO - O IPS (Índice de Preços dos Supermercados) medido pela Apas (Associação Paulista de Supermercados) em fevereiro confirmou que o preço das misturas está em queda no Estado, com destaque para a carne bovina (-6,99%), seguida pela suína (-6,92%), aves (-6,62%) e pescados (-3,56%). O diretor de economia da entidade, Martinho Paiva Moreira, alerta que a partir do fim de abril, período de entressafra, poderá haver reajuste. Mas não descarta que o cenário de itens mais em conta pode ser mantido.

 

Açougues mantêm valores do produto

Enquanto os preços da carne estão em queda nos supermercados, os proprietários de açougues reclamam dos valores estipulados pelos frigoríficos. "É difícil concorrer com as grandes redes. Elas compram em quantidade maior e têm poder de barganha com os fornecedores", reclama José Marcelino de Araújo Lima, dono de açougue no Rudge Ramos, em São Bernardo.

A diferença nos preços é nítida. Se nos mercados o quilo do coxão mole custa R$ 14,29, a equipe do Diário encontrou açougues em Santo André cobrando R$ 21,90. Nos cortes populares, quilo do acém de R$ 9,87 nas redes, custa R$ 14,90 nos açougues.

Na Vila Vivaldi, em São Bernardo, o comerciante Leonardo Luis Santos diz que os preços seguem estáveis. Contudo, iguais aos de dezembro, ou seja, mais altos. A carne de primeira sai por R$ 17,90 e a de segunda, por R$ 12,90. Essa oscilação leva a aposentada Irene Nascimento, 64 anos, a comprar mais frango. "Antes comprava contrafilé por R$ 15, agora só por R$ 22."

MARGEM - O presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, afirma que as margens dos supermercadistas nas carnes varia de 80% a 140%, dependendo do corte. "Os empresários poderiam definir preços menores e facilitar acesso das famílias de baixa renda. Esse canal responde por 70% da carne vendida no varejo."




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