A greve dos usuários da Internet no Brasil teve poucas adesoes, mas conseguiu causar repercussoes. A Embratel divulgou nota no final da tarde desta quarta afirmando que pretende investir em tecnologia para baratear o preço do acesso no país. A empresa foi comprada pela norte-americana MCI no leilao do Sistema Telebrás. A Anatel também se pronunciou, e disse que a chegada de novas empresas no ramo de telefonia deve trazer boas notícias em breve aos usuários no Brasil.

Balanço da Abranet no fim da tarde indicava que apenas um dos 33 provedores havia constatado queda no nível de acessos. Houve até provedores que tiveram mais procura do que em dias normais em razao de promoçoes e reduçao de preços. Na estimativa da Abranet, apenas 2% dos usuários da Internet no Brasil aderiram ao protesto (44 mil dos 2,2 milhoes de usuários no Brasil, segundo números da própria Associaçao). De acordo com o presidente da entidade, Antônio Tavares, as empresas sao as pricipais usuárias pela manha, e dificilmente elas deixariam de utilizar a rede num dia normal de negócios. Com isso, segundo a Associaçao, o movimento ficou comprometido.

A demissao do presidente do Banco Central, Gustavo Franco, foi um agravante para o fracasso da greve. Empresas e pessoas interessadas na movimentaçao do mercado financeiro nao puderam se ver sem informaçoes sobre os desdobramentos desta nova crise nacional.

Durante toda a semana a Abranet criticou o dia escolhido para o movimento. Na França, por exemplo, a greve aconteceu entre a 0h do sábado e a 0h do domingo, período em que há pouquíssimos usuários corporativos na rede. O movimento francês inspirou o brasileiro.

Antônio Tavares disse na terça que via a greve como um movimento importante, porém mal endereçado. "Se baixarmos os preços vamos perder dinheiro. Nós apenas repassamos ao consumidor os altos custos pagos com insumos (Embratel e companhias telefônicas)", garantiu o presidente da Abranet.

Europa - Na França, já está marcada a segunda greve de internautas contra as tarifas de Internet. Segundo o CanalWeb, o protesto está marcado para o dia 31 de janeiro. A greve é organizada pela ADIM, grupo de internautas que organizou o primeiro ato. O grupo pede apoio dos parlamentares franceses. "Queremos o apoio dos políticos que, como nós, sabem que o atraso em relaçao à Internet é um mal para a França", declara o grupo em sua homepage. A ADIM afirma que entre 50% e 90% dos internautas franceses participaram do primeiro boicote, no dia 13 de dezembro do ano passado, mas a France Telecom, estatal de telefonia francesa, diz que foram apenas 10%. Três dias depois da greve, a France Telecom reduziu suas tarifas de Internet em 20%.

Os internautas gregos também vao fazer uma greve, marcada para quinta, em protesto contra os altos preços das operadoras telefônicas para conexao à rede. Além da greve, os gregos estao solicitando a internautas de todo o mundo que enviem mensagens de protesto para o primeiro ministro do país e para a telefônica estatal OTE.