Sem os aguapés, que foram retirados pela Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia), os biguás, aves que se alimentam de peixes e são excelentes mergulhadoras, tiveram ampliado seu campo de visão dentro da água. Resultado: os peixes ficaram sem a proteção natural contra os predadores que vêm do céu. A retirada dos aguapés, segundo a assessoria de imprensa da Emae, é feita para evitar danos ambientais, como diminuição da luminosidade dentro da água e acúmulo das plantas mortas no fundo da represa, e também para que não ocorra entupimento nas bombas de captação de água.
Há quatro anos, os 653 pescadores e barqueiros que atuavam na área da Billings no Grande ABC se preparavam para formar um sindicato para a categoria e tinham planos de formar uma cooperativa para eliminar atravessadores e melhorar as condições de venda de sua produção. Atualmente, menos de 10% dos profissionais em pesca continuam em atividade na região. A maioria procurou outros locais para pescar, como Barra Bonita, no interior do Estado, ou mudou de profissão.
Segundo o pesquisador do Instituto de Pesca do Estado de São Paulo Euclides Rui Almeida Dias, a alteração no Ph da água, ocasionada por fatores como aumento do esgoto doméstico lançado na represa, também contribuíram para diminuir espécies de peixe como a carpa, que é mais exigente do que as tilápias, por exemplo. “O problema da falta de peixes na Billings tem solução, basta fazer o repovoamento com espécies adequadas”, disse.
O próprio Instituto de Pesca é uma das vítimas da queda dos peixes na Billings. O instituto desativou há três anos a estação de criação de carpas que possuía no Riacho Grande por causa do aumento no Ph da água e diminuição dos peixes. O mineiro Júlio de Aguiar, 50 anos, um ex-pescador profissional que atuava na Billings, atualmente é dono de 15 barcos para transporte de pescadores amadores. Ele afirmou que, há 12 anos, época em que pescava profissionalmente, chegava a tirar das águas da Billings entre 500 e 600 kg de peixes por dia.
Depois de trocar a pesca pelo transporte de pescadores, Aguiar informou que chegou a levar 150 pessoas por dia para pesca esportiva na represa. Atualmente, ele comemora quando consegue um movimento de 30 e 40 pescadores por fim de semana. Para driblar a situação, Aguiar tem usado seu terreno nas margens da represa como estacionamento para turistas e pescadores. “Até três ou quatro anos atrás era bem melhor para pescar”, disse.
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