O prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), está prestes a sofrer a primeira baixa em seu secretariado. O secretário de Finanças, Vagner Ferrari, que integra o time do tucano desde o mandato anterior, pediu exoneração. Porém, o chefe do Executivo viajou para Itália como representante da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC.

A portaria de exoneração de Ferrari - feita na quinta-feira, mas retroativa ao dia 20 - aguarda assinatura no gabinete do prefeito, que só retornará ao Brasil no dia 1º. O ofício com o pedido foi assinado apenas pelo secretário de Administração, Luis Castillo Lopes.

"Oficialmente, como não ocorreu nem a publicação do ato, o Vagner (Ferrari) continua como secretário. O prefeito pediu para que ele tirasse férias para pensar melhor", afirmou Castillo Lopes. O motivo do pedido de desligamento da Prefeitura alegado por Ferrari, segundo o titular da Pasta de Administração, teria sido "cansaço".

Aposentado da Prefeitura de Rio Grande com 37 anos de trabalho, onde atuou na maior parte do tempo na função de contador, Ferrari, hoje em cargo comissionado (de confiança do prefeito), justificou seu pedido de saída para "descansar" com a família. Morar no litoral paulista seria o próximo destino. "É o sonho de todo aposentado", brincou o secretário.

Apesar de o pedido de exoneração ter sido repentino e causado surpresa entre os servidores do Paço, Ferrari afirmou que não houve nenhum tipo de problema de ingerência na administração. "Trabalhei quatro anos ininterruptos como cargo de confiança do prefeito em seu primeiro mandato, agora mais um. Estou querendo parar", alegou.

Nos bastidores, porém, cogita-se que um mal-entendido teria ocorrido entre o secretário de Obras e Planejamento, Luis Gabriel da Silveira, conhecido como Maranhão, e o secretário de Finanças. O ponto de discórdia seria a exigência de mais recursos para execução de obras na cidade, embora a Prefeitura esteja com os cofres comprometidos.

O que foi prontamente desmentido por Silveira. "Ele (Vagner Ferrari) é meu amigo pessoal, por quem tenho admiração, respeito e gratidão por tudo que me ensinou nestes anos de Prefeitura". E acrescentou: "Muitas obras estão sendo tocadas para mostrar que o prefeito não se acomodou neste segundo mandato." Sobre a suposta discussão, afirmou: "Isso é invenção. O fato nem se consumou. A portaria nem foi publicada."

Nas entrelinhas, o secretário de Finanças não descartou nova conversa após o retorno do prefeito. "Vamos tomar a decisão de comum acordo", disse Ferrari, sem adiantar mais detalhes.

A Prefeitura, em nota, disse que "não houve qualquer desentendimento entre os secretários de Kiko".