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Água de bica é tradição no Grande ABC
Kelly Zucatelli
Miriam Gimenes
08/03/2009 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


Tudo o que é gratuito é melhor. Esse é geralmente o lema de quem reforça a fila nas bicas do Grande ABC. Em um rápido tour feito nas fontes da região, é fácil ver pessoas carregando galões para enchê-los de água. Hábito feito, segundo elas, corriqueiramente. E adquirido há décadas.

É o caso da dona-de-casa Gislene Cristina da Solva, 31 anos, moradora do Jardim Irajá, em São Bernardo. Uma vez por mês - rotina que segue há cinco anos - ela visita a bica oferecida pela empresa Termomecânica, no Rudge Ramos. "Uso muito essa água para beber e cozinhar. É de boa qualidade."

Cheia de galões, ela não abastece apenas sua casa. "Também levo para minha sogra e minha cunhada", explica. No mesmo local, mais de cinquenta pessoas aguardavam sua vez para abastecer os galões.

O aposentado Antonio Augusto Nogueira, 74 anos, de Santo André, pelo menos três vezes por mês atravessa os limites do município até São Bernardo para apanhar cerca de 40 litros de água. "Venho aqui há quase seis anos e acho a água muito boa. Se temos a possibilidade de pegar gratuitamente, podemos economizar de comprar, já que o galão de 20 litros custa em média R$ 4,50. Devido a problemas de saúde, minha mulher bebe muita água."

A jornaleira Isaura Kazue, 66, há mais de 30 anos também é frequentadora da bica de São Bernardo. "Moro perto e fica prático vir apanhar água aqui. Ao longo dos anos, conseguimos até fazer amizade com as pessoas de tanto encontrá-las na fila", disse.

Já o porteiro José Carlos frequenta a bica do clube 1º de Maio, em Santo André, quase todos os dias. Não só para seu consumo - ele garante que gosta de beber água direto da bica - mas também para levá-la aos moradores do prédio. "Aqui está sempre cheio de gente. É o dia todo. Tem alguns que vêm até com carreta para levar a água." A torneira é mantida aberta das 7h às 20h.

Apanhar água grátis é algo cômodo para muita gente, mas a rotina deve seguir os cuidados de higienização com garrafas e galões que são abastecidos.

CUIDADOS - Para a professora de toxicologia da Faculdade de Medicina do ABC, Irene Videira de Lima, a água da torneira é mais segura para beber do que a da bica, pois é tratada e apresenta substâncias que estão dentro do limite permitido. Entre elas, metais pesados como chumbo, arsênio e solventes.

"É importante saber a procedência da bica. Se ela é de uma fonte cristalina ou de manancial. Além disso, é fundamental também a utilização de um filtro para purificar a água e deixá-la potável", explicou a especialista.

Outras dicas importantes estão relacionadas aos vasilhames. "Nunca se deve deixá-los em ambientes em que fiquem expostos ao sol", concluiu Irene.




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