Cartola FC é um "fantasy game" criado pelo site Globoesporte.com para o Campeonato Brasileiro da Série A. A plataforma permite aos internautas montarem os times a cada rodada com jogadores que consideram ser os possíveis destaques das partidas. Os atletas têm um preço fictício fixado e recebem pontuações de acordo com os desempenhos reais.
A brincadeira possibilita ao participante medir forças com amigos em campeonatos personalizados em formato de pontos corridos ou mata-mata. Para pontuar bem a cada rodada, há quem adote a tática do vale-tudo, inclusive apostar nos adversários do próprio time ou em rivais.
Um deles é o psicólogo Ronny Rodrigues de Queiroz, de 32 anos. São-paulino, não hesita antes de escalar alguém que irá enfrentar o seu time de coração. "Como sei que o São Paulo leva bastante gol, coloco atacante que vai enfrentar meu time e acabo dando sorte", disse o torcedor.
Mas engana-se quem pensa que Ronny e tantos outros comemoram derrota do time de coração. "Na rodada passada, coloquei o Guerrero. Ele fez gol e não comemorei. Só fiquei menos bravo", brincou.
Para alguns torcedores, escalar o Cartola é quase como um ritual. Alguns anotam na folha cada jogo, prognósticos e apostas. Outros monitoram informações, para saber quem vai jogar e fazer mudanças na escalação. "Gosto de acompanhar a rodada da Libertadores, para já planejar quem pode entrar na rodada", explicou Ronny.
A competitividade das disputas tem feito os "cartoleiros", como são chamados os participantes, apostarem alto. Alguns investem pesado e até conseguem uma renda extra. O empresário Bruno Loska, de 31 anos, por exemplo, ganhou no ano passado cerca de R$ 1,6 mil. Atualmente, participa de cinco ligas, desembolsou pelo menos R$ 1,5 mil, mas já recuperou R$ 910. "A mais complicada de todas é uma que a gente paga R$ 20 por rodada", contou o empresário são-paulino.
Ele ainda participa de ligas mata-mata e a premiação não se resume apenas em dinheiro. "Temos uma liga de amigos que jogam bola e o vencedor ganha um agasalho", contou. A premiação e pagamento das ligas geralmente são feitos em churrasco com amigos.
Loska aderiu ao Cartola por ser fã de apostas e já convenceu a mulher a participar. "Coloquei ela em uma liga de R$ 60 só para ir pegando gosto. O engraçado é que a liga tem só homem e eles ficam bravos porque ela vai bem e acaba ficando à frente várias vezes", contou, em relação ao preconceito dos amigos.
LEGIÃO - O jogo existe desde 2005 e nos últimos anos teve crescimento exponencial. Segundo dados do site Globoesporte.com, até 2015 o recorde de times escalados foi de 1,7 milhão. Esse número foi facilmente batido nos anos seguintes. A marca chegou a quase 4 milhões no ano passado e, em 2017, após sucessivas quebras, bateu em 5,7 milhões de times escalados na última rodada.
Para dar conta dessa demanda, o site tem investido em equipe e em novidades. Três pessoas acompanham cada partida e são encarregadas de aferir as pontuações. Há também uma equipe de controle de qualidade para checar os lances duvidosos. "A equipe faz ainda um trabalho de escuta social e revê lances que estão sendo discutidos no Facebook e no Twitter. Temos uma enorme preocupação em sermos justos e trabalhamos para que as pontuações não tenham erros", disse o diretor do site, Gustavo Poli.
Nesta temporada já foram criados 7 milhões de times, dos quais mais de 300 mil são de usuários pagos. Essa modalidade, criada no último ano, permite aos jogadores participarem de mais competições e concorrerem a prêmios exclusivos de uma liga premiada. A taxa anual para participar é de R$ 39,90.
A própria TV Globo também passou a divulgar mais o produto nos últimos anos ao citar o jogo nas transmissões das partidas e nos programas jornalísticos. O sucesso faz os organizadores planejarem ainda para este ano uma nova versão do aplicativo do Cartola. "Sempre ouvimos a comunidade ?cartoleira? antes de tomar decisões. Foi assim que criamos as ligas mata-mata, que hoje são um sucesso", afirmou Poli.
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