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Amigos presenteiam Cássia Eller com álbum de canções inéditas
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
04/12/2002 | 18:28
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Se estivesse viva, Cássia Eller completaria 40 anos na próxima terça-feira. Também nesta época, poderia estar lançando seu novo disco de inéditas. Se essa ausência não pode ser superada, há ao menos um alento nas prateleiras: o CD de inéditas Dez de Dezembro (Universal, R$ 29 em média), carinhosamente produzido pelo músico e amigo Nando Reis.   

As 11 faixas têm como origem um intenso trabalho de pesquisa capitaneado pelo ex-Titã, que resultou no levantamento de 20 músicas. Algumas são provenientes do arquivo da Universal Music e outras, registros de apresentações ao vivo, até então em mãos de amigos.   

Não foi uma busca fácil. Além da dificuldade de encontrar esses registros, havia o problema da qualidade técnica. A saída foi chamar a própria banda de Cássia para entrar em estúdio.   

Em setembro último, as sessões começaram, e a primeira faixa a “ganhar vida” foi Get Back (Lennon/ McCartney). Depois, veio No Recreio (Nando Reis). E não pararam mais.   

Claro que, até pela forma como foi realizado, o disco não traz um conceito fechado como o de Acústico MTV, por exemplo, ou de Com Você...Meu Mundo Ficaria Completo ou ainda de Veneno Antimonotonia. O ecletismo é a marca desse repertório, que traz desde Beatles e Jimi Hendrix até Zé Ramalho e Caetano Veloso.   

Os registros só reforçam o tamanho da perda. Cássia Eller passeia com desenvoltura por todas as canções. É de arrepiar a dramaticidade que confere a Nada Vai Mudar Isso, canção de Moska registrada em 1996 por uma banda formada pelos músicos de Cássia mais alguns amigos, entre eles o cantor Fabão.   

E o que dizer, então, da bela releitura de Vila do Sossego, de Zé Ramalho? A gravação de voz e violão foi feita no início de 2001. Até hoje ninguém sabe dizer porque a faixa ficou fora de Acústico. Quem ouvir também não vai compreender.   

All Star é outra bela escolha. Prova, mais uma vez, o quão bem-sucedida é a parceria entre Nando e Cássia. A canção, de autoria do ex-Titã, tem tudo para se tornar o hit do disco. O único problema é a qualidade da gravação, que traz um instrumental mais alto que a voz. Mas vale dizer que seu registro só foi possível a partir de uma gravação do início do ano passado, do show do projeto Luz do Solo.   

De Nando Reis há também No Recreio, delicioso rock embalado por guitarra, teclado Hammond e metais. A faixa entraria no álbum Com Você...Meu Mundo Ficaria Completo.   

Eu Sou Neguinha, de Caetano Veloso, tem como curiosidade o fato de Cássia cantar e tocar baixo. O vocal é dividido com o rapper Xis, com quem gravou para o Acústico o rap Da Esquina. Cássia também divide o microfone com Gilberto Gil na funkeada Nada Vai Mudar Isso, de um show em 1995.   

Há, ainda, Julia (dos Beatles), Nenhum Roberto (gravada em 1995 com Frejat, Bi Ribeiro, Barone e Maurício Barros), Little Wing (de Hendrix) e Só se For a Dois, de Cazuza, feita para Veneno Antimonotonia.   

Dez de Dezembro traz capa e encarte igualmente interessantes. No miolo, imagens da intérprete criança, jovem e mãe. Na capa, apenas uma foto do mar agitado: forte, misterioso, arrebatador. Como era Cássia.




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